São Paulo, domingo, 22 de maio de 2011

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Presidente abriu palácio para desabrigados

DE CARACAS

As chuvas de novembro passado levaram o barraco de Nirsa Castillo, 28, que ficava no alto de um morro na região central de Caracas. De lá, ela foi para um abrigo e depois foi compartilhar moradia com o presidente Hugo Chávez.
"Quase todos os dias víamos o presidente quando íamos para o refeitório dos funcionários. Os meninos muito animados", conta ela, mãe de dois filhos, sobre os quatro meses que viveu no Palácio Branco, uma das áreas do Miraflores, gabinete e residência oficial do presidente da Venezuela.
Chávez decidiu que o Palácio Miraflores também receberia parte dos desabrigados pelas fortes chuvas do fim do ano passado. Era o exemplo máximo de que o Estado venezuelano é do povo.
Na TV, o presidente prometia: "Vocês só saem daqui para a sua casinha, para o seu apartamentinho".
Nirsa Castillo diz que ouviu a promessa incrédula. Na Venezuela, os desabrigados da chuva aparecem a cada estação e muitos estão há anos em abrigos.

TRANSFERÊNCIA
Mas, em 26 de abril, Castillo foi levada a sua nova casa. Um apartamento de dois quartos numa movimentada área do centro de Caracas, cujo terreno pertencia ao metrô da cidade.
Ela e outras 43 famílias que estavam em Miraflores foram transferidas para o edifício numa operação transmitida em cadeia de rádio e televisão.
"Só penso em botar minha vida para a frente. Estou fazendo curso para trabalhar na fábrica têxtil comunitária que teremos aqui", contou Castillo à Folha na frente do edifício, ainda com trabalhos de acabamento por fazer.
São oito andares. E o botão do elevador exibe o selo "feito em socialismo", um dos slogans do governo venezuelano aplicados a produtos de fábricas estatizadas.
Além da fábrica têxtil, o governo pretende montar no térreo várias lojas socialistas, entre outras, de arepas (a popular comida local).
Exemplos como o de Castillo se revezam na TV estatal e nas privadas -propaganda obrigatória gratuita- após a vinheta e a música que apresentam "La Gran Misión Vivienda Venezuela".
"Sempre votei em Chávez. E o presidente vai ganhar em 2012, você vai ver", afirma a moradora. (FM)


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