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PROPOSTA
ONGs devem ter voz, diz ele
FHC defende que ONU se abra à sociedade
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso entregou ontem à
ONU um relatório em que defende uma maior participação da sociedade civil e do setor privado na
instituição, incluindo o direito de
participar das discussões da Assembléia Geral.
O texto, intitulado "Nós, os Povos: Sociedade Civil, Nações Unidas e Governança Global", foi elaborado por um grupo de 11 pessoas convidadas pelo secretário-geral da organização, Kofi Annan,
e encabeçado por FHC, encarregado de apresentar propostas para permitir uma maior integração
da sociedade civil com a ONU.
"O mundo mudou, e as Nações
Unidas também têm de mudar",
disse o ex-presidente ontem, em
Nova York, para explicar por que
considera importante a participação de entidades não-governamentais na instituição.
O relatório afirma que "o crescente poder da sociedade civil é
um dos acontecimentos mais importantes de nossa época". "O direcionamento dos assuntos internacionais já não é exclusividade
dos governos."
FHC explicou que o termo sociedade civil, para o grupo, inclui,
além de ONGs, outras entidades
representativas da sociedade e representantes empresariais.
Ele esclareceu ainda que a institucionalização da relação ONU-sociedade não significaria o direito de assento ou de voto, mas o
"direito a ter voz".
O ex-presidente afirmou que as
organizações que teriam direito a
participar da Assembléia Geral
seriam escolhidas pelo secretário-geral, a partir de critérios de legitimidade, e não de número de participantes ou de representados.
Segundo os integrantes do grupo, faz parte também da proposta
o incentivo a que países-membros da ONU incluam em suas
delegações representantes da sociedade, do empresariado e das
representações políticas locais.
O relatório reconhece haver "dificuldades e tensões" na relação
entre organizações da sociedade e
Estados nacionais. Em entrevista
coletiva, FHC disse que "o diálogo
e a colaboração com atores não-estatais" não é uma ameaça, mas
"uma forma poderosa para revigorar" as relações internacionais.
O grupo presidido por Fernando Henrique Cardoso defende
que as mudanças propostas são
necessárias para superar o que
chamam de "déficits" de organizações representativas como a
ONU -entre eles, um déficit democrático e de legitimidade.
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