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Câmara dos EUA aprova verba para rádio anti-Chávez
Congressistas também autorizam aumento de fundos para oposição a Fidel; Senado votará pacote de ajuda externa
Iniciativa é resposta a não- renovação de concessão de emissora oposicionista na Venezuela em maio e deve piorar relação com Caracas
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Quase um mês depois de o
presidente venezuelano, Hugo
Chávez, não renovar a concessão do canal oposicionista
RCTV, que acusa de ter apoiado
a tentativa de golpe de Estado
em 2002, Washington contra-ataca. A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou ontem
uma emenda que dará US$ 10
milhões para que a Voz da
América incremente suas
transmissões para aquele país.
Criada durante a Segunda
Guerra (1939-45), a cadeia de
rádio é bancada pelo governo
federal e transmite ao mundo
inteiro a agenda norte-americana. A emenda é de autoria do
representante (deputado federal) Connie Mack, um republicano conservador da Flórida
que tem se destacado como um
dos principais oponentes do líder venezuelano no Congresso.
"A liberdade de imprensa
morreu na Venezuela no dia 27
de maio de 2007, quando Chávez fechou a Rádio Caracas Televisión", disse o congressista
ontem à tarde, referindo-se à
RCTV. "A Voz da América deve
criar e prover programas adicionais" para a oposição venezuelana, continuou Mack, para
concluir: "Os planos comunistas de Chávez para o futuro não
incluem mídia independente
nem liberdade de imprensa".
A emenda, parte do Orçamento de US$ 34 bilhões de
ajuda externa apresentado para o próximo ano fiscal e que o
Congresso examina agora, pede
que o Broadcast Board of Governors (BBG), órgão federal
que supervisiona iniciativas como a Voz da América, destine o
dinheiro especificamente para
suas ações na Venezuela.
A decisão é delicada, uma vez
que o governo Bush apoiou indiretamente o breve golpe de
Estado que tirou Chávez do poder por algumas horas em
2002, e pode inflamar ainda
mais as relações entre os governos, agressivas na retórica mas
dependentes economicamente
-a Venezuela é o quarto fornecedor de petróleo para os EUA,
por sua vez o maior parceiro
econômico do país.
No mesmo dia, a Câmara rejeitou proposta que reduziria a
verba pedida por Bush para
"programas pró-democracia
cubana" -leia-se anti-Fidel
Castro. O presidente republicano quer investir US$ 46 milhões em iniciativas como a Rádio e TV Martí, também supervisionada pelo BBG, que transmitem propaganda contra o ditador a partir do Estado da Flórida e de vôos sobre Cuba.
O total é cerca de cinco vezes
maior que o do ano fiscal anterior. Uma comissão que examina o orçamento do Departamento de Estado, liderada pela
maioria democrata, havia sugerido que a verba fosse cortada
para US$ 9 milhões. A decisão
era reflexo de escândalo descoberto pelo próprio Congresso
em novembro, quando se apurou que parte da verba destinada pelo departamento a grupos
oposicionistas em Miami havia
sido gasta em cashmere e chocolate para seus dirigentes.
Agora, as duas propostas passam pelo Senado, onde não devem encontrar resistência.
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