São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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Câmara dos EUA aprova verba para rádio anti-Chávez

Congressistas também autorizam aumento de fundos para oposição a Fidel; Senado votará pacote de ajuda externa

Iniciativa é resposta a não- renovação de concessão de emissora oposicionista na Venezuela em maio e deve piorar relação com Caracas

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Quase um mês depois de o presidente venezuelano, Hugo Chávez, não renovar a concessão do canal oposicionista RCTV, que acusa de ter apoiado a tentativa de golpe de Estado em 2002, Washington contra-ataca. A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou ontem uma emenda que dará US$ 10 milhões para que a Voz da América incremente suas transmissões para aquele país.
Criada durante a Segunda Guerra (1939-45), a cadeia de rádio é bancada pelo governo federal e transmite ao mundo inteiro a agenda norte-americana. A emenda é de autoria do representante (deputado federal) Connie Mack, um republicano conservador da Flórida que tem se destacado como um dos principais oponentes do líder venezuelano no Congresso.
"A liberdade de imprensa morreu na Venezuela no dia 27 de maio de 2007, quando Chávez fechou a Rádio Caracas Televisión", disse o congressista ontem à tarde, referindo-se à RCTV. "A Voz da América deve criar e prover programas adicionais" para a oposição venezuelana, continuou Mack, para concluir: "Os planos comunistas de Chávez para o futuro não incluem mídia independente nem liberdade de imprensa".
A emenda, parte do Orçamento de US$ 34 bilhões de ajuda externa apresentado para o próximo ano fiscal e que o Congresso examina agora, pede que o Broadcast Board of Governors (BBG), órgão federal que supervisiona iniciativas como a Voz da América, destine o dinheiro especificamente para suas ações na Venezuela.
A decisão é delicada, uma vez que o governo Bush apoiou indiretamente o breve golpe de Estado que tirou Chávez do poder por algumas horas em 2002, e pode inflamar ainda mais as relações entre os governos, agressivas na retórica mas dependentes economicamente -a Venezuela é o quarto fornecedor de petróleo para os EUA, por sua vez o maior parceiro econômico do país.
No mesmo dia, a Câmara rejeitou proposta que reduziria a verba pedida por Bush para "programas pró-democracia cubana" -leia-se anti-Fidel Castro. O presidente republicano quer investir US$ 46 milhões em iniciativas como a Rádio e TV Martí, também supervisionada pelo BBG, que transmitem propaganda contra o ditador a partir do Estado da Flórida e de vôos sobre Cuba.
O total é cerca de cinco vezes maior que o do ano fiscal anterior. Uma comissão que examina o orçamento do Departamento de Estado, liderada pela maioria democrata, havia sugerido que a verba fosse cortada para US$ 9 milhões. A decisão era reflexo de escândalo descoberto pelo próprio Congresso em novembro, quando se apurou que parte da verba destinada pelo departamento a grupos oposicionistas em Miami havia sido gasta em cashmere e chocolate para seus dirigentes.
Agora, as duas propostas passam pelo Senado, onde não devem encontrar resistência.


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