São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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Réu se diz culpado no caso Times Square

Paquistanês naturalizado americano admite ser responsável por carro-bomba que não detonou em 1º de maio

Faisal Shahzad diz a juíza que ataques como esse seguirão ocorrendo caso EUA não saiam do Iraque e do Afeganistão

Departamento da Justiça dos EUA -19.mai.10/Reuters
Faisal Shahzad, que se declarou culpado de dez crimes

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Acusado de dez crimes e sob risco de ser condenado à prisão perpétua, o paquistanês naturalizado americano Faisal Shahzad declarou-se culpado ontem pelo atentado frustrado na Times Square, em Nova York, em maio.
Num tribunal federal em Manhattan, Shahzad disse à juíza Miriam Goldman Cedarbaum que gostaria de se declarar culpado "mais cem vezes". A sentença está marcada para 5 de outubro.
Shahzad, 30, afirmou que, a menos que os EUA saiam do Iraque e do Afeganistão e parem de se intrometer em terras muçulmanas, "eles atacarão".
"É preciso entender de onde eu venho. Eu me considero um soldado muçulmano", disse ele, acusado de tentativa de usar armas de destruição em massa e de praticar terrorismo transnacional.
Questionado se não se preocupa com o fato de que poderia ter matado crianças, ele respondeu que os EUA não se importam quando crianças morrem em países muçulmanos.
"É uma guerra. Sou parte da resposta à aterrorização americana das nações muçulmanas e do povo muçulmano", declarou o acusado, no tribunal.
"Em nome disso, estou me vingando do ataque. Os americanos só se importam com o seu povo, mas não com as pessoas que morrem no resto do mundo."
Shahzad reafirmou ter recebido treinamento no Paquistão e atribuiu ao Taleban do país as lições para construir a bomba que pretendia detonar na Times Square, em 1º de maio.

FRACASSO
Ele disse ter escolhido uma noite quente de sábado porque haveria mais gente que pudesse machucar ou matar. E descreveu que o veículo usado no atentado, uma perua Nissan Pathfinder, tinha três bombas, e a intenção era que explodissem como uma bola de fogo.
O paquistanês, que foi preso dois dias depois, ao tentar fugir do país, disse ter esperado entre 2 e 5 minutos para que os artefatos detonassem, após acender um pavio.
"Esperei para ouvir um barulho, mas não ouvi. Então andei até a [estação] Grand Central e fui para casa."
Desde que foi preso, Shahzad vem colaborando com as investigações. Segundo a versão oficial, não houve acordo para abrandar a pena caso se declarasse culpado.
No entanto, segundo a CNN, um funcionário do governo admitiu que houve negociação antes da audiência.
Ainda de acordo com a CNN, Shahzad também considerava promover ataques no Rockefeller Center, no Grand Central Terminal e no World Financial Center, alguns dos principais pontos de Nova York.
"Faisal Shahzad tramou e conduziu um ataque que poderia ter levado a sérias perdas de vida, e hoje o sistema de Justiça criminal americano assegurou que ele pagará o preço de suas ações", disse ontem o secretário da Justiça dos EUA, Eric Holder.


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