São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Mugabe e opositor aceitam negociar acordo

Sob mediação de presidente sul-africano, líder do Zimbábue e Tsvangirai discutem "governo inclusivo"

DA REDAÇÃO

Reeleito em meio à quase unânime condenação internacional pela violência contra a oposição, o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, e o ex-candidato opositor Morgan Tsvangirai encontraram-se ontem, pela primeira vez em dez anos, para assinar um acordo segundo o qual estabelecerão bases para um "governo inclusivo", mas não ficou definido qual será a divisão de poder.
Vencedor no primeiro turno, em março, Tsvangirai desistiu de disputar o segundo, em junho, depois da morte de vários partidários do seu Movimento para a Mudança Democrática (MDC, pela sigla em inglês) e o desalojamento de 200 mil pessoas, na repressão comandada por partidários de Mugabe.
Na reunião de ontem, os dois líderes prometeram criar em duas semanas "solução genuína, viável, permanente e sustentável" para a crise política. Mugabe disse que o encontro serviu para "traçar um novo caminho de interação política".
De acordo com analistas ouvidos pela Reuters, há indicações de que Tsvangirai aceitará o cargo de premiê desde que reste a Mugabe apenas a função nominal de chefe de Estado.
No entanto, é difícil que Mugabe aceite tal erosão de poder. O ditador de 84 anos está no cargo desde 1980, quando venceu os sete anos de guerra de independência que derrubou o governo de minoria branca da ex-colônia britânica.
Assinado no mesmo dia em que o Banco Central apresentou a nota de 100 bilhões de dólares zimbabuanos -o índice oficial de inflação anual atingiu 2,2 milhões por cento-, o acordo prevê também o fim da violência de Estado contra opositores, uma nova Constituição e a restauração da economia.
Entre os dois rivais, sentou-se o presidente sul-africano e mediador regional para o Zimbábue, Thabo Mbeki. Ao conseguir reuni-los, logrou um golpe diplomático, depois de críticas do Ocidente por, ao rejeitar sanções punitivas e insistir no diálogo, dar a Mugabe tempo para derrubar seus opositores.
O líder sul-africano é visto como próximo ao zimbabuano. Por isso, Tsvangirai só concordou com a mediação na semana passada, ao incluir nas conversas da União Africana, a ONU e 14 países do sul da África.


Com agências internacionais


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