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Zelaya promete voltar amanhã a Honduras
Arnulfo Franco-20.jul.09/Associated Press
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MARCAS DO GOLPE
Xiomara Castro, mulher do presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya, mostra a jornalistas a porta da residência privativa do casal em Tegucigalpa, que, segundo ela, foi alvo de tiros disparados pelos soldados em 28 de junho, quando o mandatário, que promete retornar a Honduras hoje, foi removido do poder
Presidente deposto tentará retorno por terra através da fronteira com a Nicarágua; governo golpista ameaça prendê-lo
Primeira tentativa de regresso terminou com conflitos entre forças de segurança e manifestantes, que deixaram dois mortos
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A MANÁGUA (NICARÁGUA)
O presidente deposto de
Honduras, Manuel Zelaya, prometeu que regressará amanhã
ao seu país, indo por terra desde a Nicarágua, 24 dias depois
de ter sido detido e expulso por
forças militares.
Zelaya fez o anúncio ontem à
noite durante entrevista coletiva em Manágua. À tarde, o presidente deposto havia dito à
Folha, na Embaixada de Honduras na cidade, que programava a volta para hoje, às 10h (13h
em Brasília).
Zelaya justificou-se pela mudança de planos dizendo que
era preciso esperar vencer o
prazo de 72 horas pedido, no
domingo, pelo presidente da
Costa Rica e mediador das negociações, Óscar Arias, para
chegar a um acordo político entre ele e o governo golpista, do
presidente Roberto Micheletti.
Até ontem à noite, porém,
não estava marcada nenhuma
nova reunião entre representantes de Micheletti e do presidente deposto em San José.
Segundo Zelaya, sua comitiva cruzará a fronteira em local
não divulgado, por motivos de
segurança. O hondurenho, que
tem chamado os seus seguidores à "insurreição", disse que a
rota exata ainda não estava definida, mas a Folha apurou que
o roteiro mais provável será pela cidade de Choluteca, a mais
populosa da região sul de Honduras, com 100 mil habitantes.
O governo interino tem afirmado que Zelaya será preso caso volte ao país. A Procuradoria
do país o acusa de 18 delitos,
entre eles o de "traição à pátria". A maioria está relacionada com a sua tentativa de impulsionar uma Assembleia
Constituinte, iniciativa considerada ilegal pela Justiça e pelo
Congresso, controlados pela
oposição e dissidentes.
Em 5 de julho, Zelaya tentou
voltar a Tegucigalpa de avião,
mas militares bloquearam a
pista do aeroporto. Nesse dia,
confrontos entre manifestantes pró-Zelaya e forças de segurança deixaram dois mortos, as
únicas vítimas até aqui dos
conflitos pós-golpe.
Embaixada venezuelana
O governo interino de Honduras ordenou ontem a expulsão dos diplomatas venezuelanos do país, sob acusação de
que Caracas estaria ameaçando
Tegucigalpa com "o uso da força" e desrespeitando sua "integridade".
Em carta enviada ao encarregado de negócios Ariel Vargas, a
vice-chanceler interina Martha
Lorena Alvarado ordenou que
"todo o pessoal diplomático,
administrativo, técnico e de
serviço da missão diplomática
venezuelana" deixasse Honduras em 72 horas.
Os diplomatas rejeitaram a
ordem. "Nossa relação é com o
presidente [deposto] Manuel
Zelaya. Não reconhecemos o
governo Micheletti. É um governo (...) apoiado por baionetas", disse Vargas. Ele responde
pela embaixada desde que Caracas chamou de volta ao país o
embaixador Armando Laguna.
Indagado por jornalistas se
temia ser expulso à força, Vargas disse que "era só o que faltava a este governo golpista, violar todas as convenções internacionais" sobre diplomacia.
A Venezuela tem sido a crítica mais feroz do golpe em Honduras, e a aliança entre o presidente Hugo Chávez e Zelaya é
apontada como um dos estopins da crise hondurenha.
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