São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 2011

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Pacote europeu deve levar Grécia a calote

Líderes do continente aprovam programa no valor de € 159 bilhões, que inclui perdas a credores privados do país

Plano prevê fundos públicos, rolagem de dívidas e redução da taxa de juros para países que enfrentam crises

CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL A BRUXELAS

Líderes europeus reunidos ontem em cúpula extraordinária em Bruxelas (Bélgica) aprovaram um programa de € 159 bilhões (R$ 355 bi) em ajuda à Grécia que provavelmente levará ao primeiro calote da história do euro.
O plano de 16 pontos se baseia em três pilares: ampliação de prazos e reestruturação de títulos, redução dos juros para empréstimos e contribuição de investidores privados -este último ponto, uma vitória da chanceler alemã, Angela Merkel.
Do pacote, € 109 bilhões são financiamentos oficiais -de fundos da zona do euro, FMI e privatizações gregas.
Os outros € 50 bilhões são contribuições "voluntárias" de credores privados -mas na verdade, eles têm pouca escolha, uma vez que a alternativa é não receber nada do que investiram.
Pelo modelo desenhado, eles terão opções de participação: três formas de trocas de títulos e um plano de rolagem, além de um programa de recompra com desconto no valor do investimento.
A estimativa é de uma perda de 21% do valor líquido dos títulos da dívida grega.
Além disso, empréstimos gregos no âmbito do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) terão o prazo estendido dos atuais 7,5 anos para o mínimo de 15 anos e o máximo de 30 anos, com um período de carência de dez anos. Os juros desses empréstimos caem de 4,5% para 3,5%. Essas condições também serão estendidas para Portugal e Irlanda. Diante do potencial impacto sobre os mercados e o perigo de contágio, líderes europeus reforçaram a mensagem de que se trata de uma solução única para uma situação única.
"A situação da Grécia é diferente da dos demais países e que por isso exige uma resposta excepcional", disse o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy. "O envolvimento do setor privado vai se limitar à Grécia e apenas à Grécia."
"Não houve uma declaração de default [moratória]", disse por sua vez o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet. "Não acredito que os especialistas considerem que o que foi decidido hoje vá provocar um evento de crédito", acrescentou. Um "evento de crédito" ocorre quando o calote de um país leva à ativação de contratos de seguro contra o risco de quebra desse país.

AGÊNCIAS
Ontem, porém, analistas esperavam que as agências de classificação de risco considerem a situação grega como "calote seletivo", uma vez que, qualquer que seja a opção, o investidor terá perdas.
O premiê grego, George Papandreou, festejou: "É um sucesso europeu. Não é uma uma resposta europeia para a Grécia, mas uma resposta da Europa para a Europa."
A cúpula anunciou ainda um "Plano Marshall" para a Grécia. "Criamos uma força-tarefa para dar assistência técnica e ajudar a implementar reformas", disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
Foi anunciada uma reforma significativa no papel do EFSF, que deve assumir um caráter semelhante ao do FMI na prevenção de crises.


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