São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2003 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VENEZUELA Em entrevista, o presidente diz duvidar da capacidade da oposição de realizar o referendo sobre seu mandato "Não serei complacente de novo", afirma Chávez
DE BUENOS AIRES
REFERENDO - "Creio que eles [a
oposição] não conseguiram sequer coletar as assinaturas no formato adequado, como pede a
Constituição. Há elementos que
comprovam fraude, que as assinaturas são ilegais. Se querem o
referendo, terão de fazê-lo como
manda a lei, a Constituição. As
chances de esse referendo realmente acontecer são muito pequenas." OPOSIÇÃO - "Eu aprendi a lição.
Não deixaria que o que passou em
2002 [quando foi deposto por um
golpe de Estado que durou 48 horas] se repita. Aquele golpe ocorreu porque eu permiti. Não serei
complacente novamente. Espero
que um dia a oposição da Venezuela assuma o seu verdadeiro papel, de fazer oposição para a construção de um país melhor, não
apenas para defender interesses
privados." LULA - "Temos algumas prioridades para tratar com o Brasil, entre elas a assinatura de acordos
para integração econômica, além
de aprofundar um programa de
importação de maquinário agrícola. A criação de uma petroleira
sul-americana continua sendo
uma proposta nossa. Seguiremos
falando da necessidade de integrarmos as nossas riquezas e da
troca de tecnologia para exploração de petróleo e gás." ALCA - "Temos uma grande
preocupação com os efeitos negativos da Alca e da globalização nas
economias da região. A Alca, como está apresentada, é um plano
de invasão. Queremos virar colônia de novo? Nossa proposta é
agilizar a integração latino-americana, com uma agenda econômica e social que respeite a soberania dos países e que deixe de fora a
influência dos organismos financeiros internacionais. A Venezuela, para entrar na Alca, teria de
consultar a sua população. Para
isso, faríamos um referendo." ALCA LIGHT - "Lula chegou a comentar sobre uma Alca light. Essa
proposta a faria virar uma "alquinha". Aos poucos, vão cortando os
braços, as pernas, a cabeça [do
projeto da Alca], até virar "alquinha". A proposta que se tem hoje é
impossível de se concretizar. O
prazo também. Quando houve o
compromisso de concluir a Alca
até 2005, eu não assinei. Esse acordo, a meu ver, poderia ser possível
em 3500. Ou seja, não se pode colocar um prazo sem discutir o
projeto. Essa data foi determinada de forma arbitrária." MERCOSUL - "A Venezuela insiste na sua intenção de ingressar no
Mercosul. Claro que queremos
que funcione uma fórmula bloco
a bloco [Mercosul e Comunidade
Andina, da qual a Venezuela faz
parte], mas essas negociações já
levam muitos anos e até agora não
se conseguiu fazer essa integração. E não temos mais esperança
de que se conclua. Creio que seja
grande a dificuldade para unir os
dois blocos, quase impossível. Determinamos um prazo, dezembro
de 2003, para que essas negociações terminem. Caso contrário
insistiremos para que a Venezuela
entre no Mercosul." DÍVIDA - "O caso da dívida da
Venezuela não é o mais grave entre os países da América Latina. A
nossa dívida externa é de apenas
20% do PIB (soma das riquezas de
um país). Mas há casos em que a
dívida é impagável."
(EC) |
|