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São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2003

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Governo francês admite 10 mil mortos

DA REDAÇÃO

O presidente da França, Jacques Chirac, admitiu ontem que o sistema sanitário de seu país é em parte responsável pelas estimadas 10 mil mortes ocorridas com a forte onda de calor das primeiras semanas de agosto.
Abandonando o plano de cortar mais despesas de saúde em seu anunciado plano de austeridade fiscal, ele disse que "tudo será feito para reparar as deficiências" que a máquina oficial registrou.
O governo admitia de início que as mortes chegassem a 3.000. Mas Hubert Falco, vice-ministro encarregado de idosos, disse ontem que o governo já trabalhava com a estimativa de 10.400 mortos, avançada anteontem por um dos sindicatos de agentes funerários. As vítimas, em sua maioria, morreram de desidratação, com a temperatura beirando ou superando os 40 graus centígrados.
Bronzeado, Chirac interrompeu suas férias de verão no Canadá para presidir a reunião semanal do gabinete francês. Ele até agora não havia se pronunciado sobre as mortes, principalmente de idosos, cujas proporções alarmantes ficaram claras nesta semana.
"Nossos serviços médicos de emergência serão fortalecidos para que possam responder em qualquer momento a circunstâncias excepcionais", afirmou.
O ministro da Saúde, Jean-François Mattei, deixou sem resposta a pergunta de um jornalista que, ontem, o interpelou sobre a possibilidade de sua renúncia. Dois altos funcionários de seu ministério já haviam renunciado desde segunda-feira.
Pesquisa publicada ontem pelo instituto CSA mostrou que 51% dos franceses consideram o governo do primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin responsável por não ter se mobilizado diante dos efeitos iniciais do calor.
O maior líder da oposição, o socialista François Hollande, comentou com ironia que Chirac descobriu com 15 meses de atraso os efeitos das políticas praticadas pelo governo de direita que ele próprio nomeou.
O fato de Chirac não ter se pronunciado antes sobre as vítimas do calor provocou críticas mesmo entre os seus aliados, como o jornal conservador "Le Figaro".


Com agências internacionais


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