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Governo francês admite 10 mil mortos
DA REDAÇÃO
O presidente da França, Jacques
Chirac, admitiu ontem que o sistema sanitário de seu país é em
parte responsável pelas estimadas
10 mil mortes ocorridas com a
forte onda de calor das primeiras
semanas de agosto.
Abandonando o plano de cortar
mais despesas de saúde em seu
anunciado plano de austeridade
fiscal, ele disse que "tudo será feito para reparar as deficiências"
que a máquina oficial registrou.
O governo admitia de início que
as mortes chegassem a 3.000. Mas
Hubert Falco, vice-ministro encarregado de idosos, disse ontem
que o governo já trabalhava com a
estimativa de 10.400 mortos,
avançada anteontem por um dos
sindicatos de agentes funerários.
As vítimas, em sua maioria, morreram de desidratação, com a
temperatura beirando ou superando os 40 graus centígrados.
Bronzeado, Chirac interrompeu
suas férias de verão no Canadá
para presidir a reunião semanal
do gabinete francês. Ele até agora
não havia se pronunciado sobre
as mortes, principalmente de idosos, cujas proporções alarmantes
ficaram claras nesta semana.
"Nossos serviços médicos de
emergência serão fortalecidos para que possam responder em
qualquer momento a circunstâncias excepcionais", afirmou.
O ministro da Saúde, Jean-François Mattei, deixou sem resposta a pergunta de um jornalista
que, ontem, o interpelou sobre a
possibilidade de sua renúncia.
Dois altos funcionários de seu ministério já haviam renunciado
desde segunda-feira.
Pesquisa publicada ontem pelo
instituto CSA mostrou que 51%
dos franceses consideram o governo do primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin responsável por
não ter se mobilizado diante dos
efeitos iniciais do calor.
O maior líder da oposição, o socialista François Hollande, comentou com ironia que Chirac
descobriu com 15 meses de atraso
os efeitos das políticas praticadas
pelo governo de direita que ele
próprio nomeou.
O fato de Chirac não ter se pronunciado antes sobre as vítimas
do calor provocou críticas mesmo
entre os seus aliados, como o jornal conservador "Le Figaro".
Com agências internacionais
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