|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bush censura dados antes disponíveis ao público
Ação foi revelada por entidade não-governamental
DE WASHINGTON
O governo George W. Bush
tornou inacessíveis informações sobre o número e a localização de mísseis nucleares que
eram públicas desde antes do
fim da Guerra Fria, em 1989. A
política é consistente com
ações que a administração do
republicano toma desde o 11 de
Setembro, quando passou a
censurar dados que já eram de
domínio público.
A justificativa do governo é
que as prioridades mudaram
após o ataque terrorista, mas
novas censuras reveladas na
sexta-feira pelo Arquivo de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), uma entidade
não-governamental ligada à
Universidade George Washington, mostram que muitos dos
documentos não têm nenhum
valor para a segurança nacional
ou mesmo para auxiliar a chamada "guerra ao terror".
As informações recentemente censuradas pelo Pentágono
estão em documentos oficiais
do Departamento de Defesa de
1967 e 1971: o número de mísseis nucleares tipo Minuteman
(1.000) e Titan 2 (54) e mísseis
balísticos submarinos (656).
"Será difícil encontrar melhores candidatos para censura
injustificável do que essas decisões de classificar o número de
armas estratégicas dos EUA",
escreveu William Burr, diretor
do NSA, no relatório que revela
a ação. O caso foi a notícia principal da primeira página do
"Washington Post" de ontem.
"O Departamento de Defesa
leva a sério sua responsabilidade de classificar [censurar, no
jargão da comunidade de inteligência] informações"", disse o
major Patrick Ryder, porta-voz
do Pentágono.
O número de documentos
classificados ou "reclassificados" aumentou na gestão Bush,
diz estudo realizado em 22
agências governamentais pela
Coalizão de Jornalistas para
um Governo Aberto. Entre
2000 e 2004, as razões para não
tornar públicos documentos
sob o Ato de Liberdade de Informações (Foia, na sigla em inglês) subiu 22%.
Na análise que faz das descobertas, Burr compara o mesmo
documento tornado público
em duas ocasiões diferentes.
Na primeira cópia, obtida em
1999, um memorando enviado
pelo então secretário Robert
McNamara traz todos os números de mísseis balísticos e de
bombardeiros que os EUA pretendem ter nos anos seguintes.
Na cópia de 2006, os números
estão riscados.
(SÉRGIO DÁVILA)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Questão nuclear: Projeto nuclear do Irã continua, diz Khamenei Índice
|