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Paraense recém-casado está entre mortos no desastre
Ronaldo Gomes Silva, 27, embarcara para visitar sogro apesar de presságio da mulher, espanhola; casal acabara de voltar do Brasil
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Único brasileiro entre as vítimas do acidente aéreo em Madri, o paraense Ronaldo Gomes
Silva, 27, acabava de chegar à
Espanha após dois meses no
Brasil. Estava em lua-de-mel
com a mulher, a espanhola Yanina Celis Dibowsky, 21, e fez
conexão na capital espanhola
rumo às ilhas Canárias.
Nascido em Rondon do Pará
(PA) e criado em Ourilândia do
Norte (PA), onde sua família
tem gado, Silva seguiu, em
2004, o exemplo de um irmão
mais velho. Mesmo sem falar
inglês, foi para Londres com
planos de "ganhar muito dinheiro e se casar com uma loira", segundo um amigo de Ourilândia que se identificou como Alcides.
Mesmo ilegal, conseguiu economizar. Há dois anos, conheceu a loira espanhola Yanina.
Nina, como era chamada por
amigos, vendia sorvete e Silva
entregava comida como motoboy. Casaram-se em 3 de julho,
em um cartório em São Paulo.
Ele providenciaria a cidadania
européia e visitaria a família da
jovem antes de voltar a Londres, onde Nina começaria a
cursar nutrição. O pai da noiva
é médico nas Canárias.
Em São Paulo, o casal ficou
hospedado em um apartamento da família de um amigo, o advogado Yuri Ludwig Zuconelli,
28, com quem Silva morou em
Londres. "Eles estavam vivendo um sonho", disse Zuconelli.
Durante a viagem, Silva visitou parentes e entrou pela primeira vez no mar. No último final de semana, a irmã do advogado, a psicóloga Renata Zuconelli, 29, levou o casal para a
praia em Mongaguá (SP), onde
Nina viu, também pela primeira vez, uma cachoeira.
Segundo Renata, Nina tinha
medo de avião e só aceitou viajar para Goiás, para visitar familiares de Silva, de ônibus.
"Ela queria voltar de navio para
a Europa, mas faltou dinheiro."
Dias antes da tragédia, disse
Renata, houve uma "seqüência
de coisas que indicaram que
não deveriam viajar". "O portão
não abria, o carro pifou, eles
confundiram o horário do vôo e
quase perderam o avião. Quando chegamos, ela chorou muito.
Disse que ia sentir nossa falta."
Embarcaram para a Espanha
na terça, mesmo após Nina dizer a uma sobrinha de Silva, pela internet, que não queria viajar por ter um mau presságio.
O consulado brasileiro em
Madri informou ontem que a
família de Silva ainda não entrara em contato. Se quiser enterrá-lo na Espanha, o consulado registra o óbito, até para fins
legais. Se quiser trasladar o corpo ao Brasil, o consulado indica
uma funerária para o trâmite.
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