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Área russa corta estrada da Geórgia
Com zona-tampão, tropas russas interferem na única rota entre a capital e o mar, diz ministro georgiano
Moscou oficializa suspensão
de contatos com Otan; EUA
exigem retirada imediata de
russos, mas eles ficarão mais
dez dias em região vetada
DA REDAÇÃO
A zona-tampão que a Rússia
pretende manter em território
da Geórgia terá dois postos de
controle na principal rodovia
daquele país do Cáucaso, afirmou ontem à Reuters o ministro georgiano da Reintegração,
Temur Iakobashvili.
A decisão, se confirmada, significará uma ingerência direta
na vida econômica da Geórgia,
pois a rodovia é a única rota de
ligação entre a capital, Tbilisi,
no leste, e litoral do mar Negro,
a oeste. Ela é também usada no
comércio de países da Ásia
Central sem saída marítima.
O acordo proposto pela
França em nome da União Européia, para pôr fim ao conflito
de seis dias entre a Rússia e a
Geórgia, previa que os russos
poderiam ocupar uma zona-tampão de dez quilômetros ao
longo da divisa da Geórgia com
a separatista Ossétia do Sul.
O território sul-ossetiano foi
o estopim do confronto. Colocado sob proteção da Rússia em
1992, ele foi invadido por tropas georgianas em 7 de agosto.
Em resposta, a Rússia o retomou pela força e ainda ocupou
militarmente parte da Geórgia.
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, declarou ontem que "não haverá nenhuma
zona-tampão" dentro de seu
país. Apesar de ela estar prevista no acordo que o próprio Saakashvili assinou, seus contornos geográficos são bastante
controvertidos.
O vice-chefe do Estado
Maior russo, Anatoli Nogovitsin, disse que a "zona de responsabilidade", como seu governo prefere designar a região,
está também prevista em acordo entre Moscou e Tbilisi, assinado em 2001. O documento,
ele afirmou ainda, previa a presença de militares georgianos,
"mas a Geórgia violou o estatuto das forças de paz" e não estará mais presente no território.
A Associated Press testemunhou soldados russos abrindo
trincheiras e construindo casamatas, numa clara indicação
dos planos russos de permanência a longo prazo.
Retirada russa adiada
O presidente russo, Dmitri
Medvedev, afirmara que seus
soldados se retirariam hoje do
território localizado fora da zona-tampão. Mas informantes
russos disseram que o prazo foi
dilatado em mais dez dias.
Segundo ainda a Associated
Press, uma coluna de 21 blindados se retirava ontem à tarde da
Geórgia. Mas em Washington o
Pentágono afirmava que contingentes circulam dentro do
território georgiano, sem a intenção de voltarem à Rússia.
"Os russos devem sair agora",
disse Gordon Johndroe, porta-voz da Casa Branca.
Enquanto isso, em Bruxelas,
a Otan, aliança militar ocidental, disse ter recebido por canais militares russos a notificação de que Moscou interromperia "toda a sua cooperação
militar" com aquela aliança.
Foi apenas a oficialização de
uma decisão já tomada. Os Estados Unidos, antes mesmo do
cessar-fogo no Cáucaso, já haviam decidido pelo congelamento dos vínculos da Otan
com o governo russo.
Com agências internacionais
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