São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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Área russa corta estrada da Geórgia

Com zona-tampão, tropas russas interferem na única rota entre a capital e o mar, diz ministro georgiano

Moscou oficializa suspensão de contatos com Otan; EUA exigem retirada imediata de russos, mas eles ficarão mais dez dias em região vetada

DA REDAÇÃO

A zona-tampão que a Rússia pretende manter em território da Geórgia terá dois postos de controle na principal rodovia daquele país do Cáucaso, afirmou ontem à Reuters o ministro georgiano da Reintegração, Temur Iakobashvili.
A decisão, se confirmada, significará uma ingerência direta na vida econômica da Geórgia, pois a rodovia é a única rota de ligação entre a capital, Tbilisi, no leste, e litoral do mar Negro, a oeste. Ela é também usada no comércio de países da Ásia Central sem saída marítima.
O acordo proposto pela França em nome da União Européia, para pôr fim ao conflito de seis dias entre a Rússia e a Geórgia, previa que os russos poderiam ocupar uma zona-tampão de dez quilômetros ao longo da divisa da Geórgia com a separatista Ossétia do Sul.
O território sul-ossetiano foi o estopim do confronto. Colocado sob proteção da Rússia em 1992, ele foi invadido por tropas georgianas em 7 de agosto. Em resposta, a Rússia o retomou pela força e ainda ocupou militarmente parte da Geórgia.
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, declarou ontem que "não haverá nenhuma zona-tampão" dentro de seu país. Apesar de ela estar prevista no acordo que o próprio Saakashvili assinou, seus contornos geográficos são bastante controvertidos.
O vice-chefe do Estado Maior russo, Anatoli Nogovitsin, disse que a "zona de responsabilidade", como seu governo prefere designar a região, está também prevista em acordo entre Moscou e Tbilisi, assinado em 2001. O documento, ele afirmou ainda, previa a presença de militares georgianos, "mas a Geórgia violou o estatuto das forças de paz" e não estará mais presente no território.
A Associated Press testemunhou soldados russos abrindo trincheiras e construindo casamatas, numa clara indicação dos planos russos de permanência a longo prazo.

Retirada russa adiada
O presidente russo, Dmitri Medvedev, afirmara que seus soldados se retirariam hoje do território localizado fora da zona-tampão. Mas informantes russos disseram que o prazo foi dilatado em mais dez dias.
Segundo ainda a Associated Press, uma coluna de 21 blindados se retirava ontem à tarde da Geórgia. Mas em Washington o Pentágono afirmava que contingentes circulam dentro do território georgiano, sem a intenção de voltarem à Rússia.
"Os russos devem sair agora", disse Gordon Johndroe, porta-voz da Casa Branca.
Enquanto isso, em Bruxelas, a Otan, aliança militar ocidental, disse ter recebido por canais militares russos a notificação de que Moscou interromperia "toda a sua cooperação militar" com aquela aliança.
Foi apenas a oficialização de uma decisão já tomada. Os Estados Unidos, antes mesmo do cessar-fogo no Cáucaso, já haviam decidido pelo congelamento dos vínculos da Otan com o governo russo.


Com agências internacionais


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