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Segurança do encontro fica a cargo de cocaleiros
DO ENVIADO AO CHAPARE
No lugar de policiais, a segurança da visita do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva à cidade de Villa Tunari estará a cargo de centenas de cocaleiros da
região armados com bastões
envoltos em esparadrapo.
Ontem, centenas de cocaleiros da "polícia sindical", filiados às organizações de produtores de coca da região, já se encontravam na cidade de cerca
de 56 mil habitantes, o principal centro urbano do Chapare.
"Vamos fazer a segurança para que as pessoas não causem
nenhum estrago", diz o cocaleiro Olean Flores, 26, na entrada
do estádio da cidade, onde Morales espera reunir dezenas de
milhares para receber Lula. O
presidente boliviano está começando a sua campanha pela
reeleição -o pleito será no início de dezembro.
Quase todos os preparativos
em Villa Tunari, como a colocação de arranjos de flores, estão
a cargo dos cocaleiros, organizados em sindicatos. Durante o
período em que a Folha percorreu as ruas da cidade, na
tarde de ontem, não havia policiais ou militares à vista.
O uso de cocaleiros para fazer a segurança de Lula está
provocando polêmica na Bolívia. No início da semana, o senador oposicionista Tito Hoz
De Vila disse que trará estragos
à imagem de Lula.
"O narcotráfico compra essa
coca e faz cocaína no Chapare e
em outros lugares para levar ao
Brasil, então será mortal que
Lula apareça escoltado por cocaleiros", afirmou.
Em resposta, Morales chamou Hoz De Vila de "prepotente" e disse que, se fosse realmente uma preocupação, o senador teria procurado o governo "de forma reservada" e não
dito publicamente.
Chapare é o berço político de
Morales, que se projetou na política como líder cocaleiro. Recentemente, os produtores da
região anunciaram uma polêmica doação de cerca de 20 toneladas de coca à campanha
presidencial, com um valor estimado em US$ 140 mil.
Agenda
O principal ponto da visita de
Lula será a assinatura de um financiamento de US$ 332 milhões do BNDES para a construção de uma estrada entre a
região e o norte do país.
Morales também aproveitará
a presença de Lula para negociar temas relacionados ao gás
natural. A Bolívia, com problemas para aumentar a produção,
quer diminuir o volume de vendas para o Brasil para assegurar
a venda à Argentina e ao mercado interno.
Morales quer ainda que a Petrobras pague pelo "gás rico"
que vai ao Brasil misturado ao
gás natural. Acordo sobre o tema, assinado em 2007, nunca
saiu do papel.
(FM)
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