São Paulo, sábado, 22 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Segurança do encontro fica a cargo de cocaleiros

DO ENVIADO AO CHAPARE

No lugar de policiais, a segurança da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à cidade de Villa Tunari estará a cargo de centenas de cocaleiros da região armados com bastões envoltos em esparadrapo.
Ontem, centenas de cocaleiros da "polícia sindical", filiados às organizações de produtores de coca da região, já se encontravam na cidade de cerca de 56 mil habitantes, o principal centro urbano do Chapare.
"Vamos fazer a segurança para que as pessoas não causem nenhum estrago", diz o cocaleiro Olean Flores, 26, na entrada do estádio da cidade, onde Morales espera reunir dezenas de milhares para receber Lula. O presidente boliviano está começando a sua campanha pela reeleição -o pleito será no início de dezembro.
Quase todos os preparativos em Villa Tunari, como a colocação de arranjos de flores, estão a cargo dos cocaleiros, organizados em sindicatos. Durante o período em que a Folha percorreu as ruas da cidade, na tarde de ontem, não havia policiais ou militares à vista.
O uso de cocaleiros para fazer a segurança de Lula está provocando polêmica na Bolívia. No início da semana, o senador oposicionista Tito Hoz De Vila disse que trará estragos à imagem de Lula.
"O narcotráfico compra essa coca e faz cocaína no Chapare e em outros lugares para levar ao Brasil, então será mortal que Lula apareça escoltado por cocaleiros", afirmou.
Em resposta, Morales chamou Hoz De Vila de "prepotente" e disse que, se fosse realmente uma preocupação, o senador teria procurado o governo "de forma reservada" e não dito publicamente.
Chapare é o berço político de Morales, que se projetou na política como líder cocaleiro. Recentemente, os produtores da região anunciaram uma polêmica doação de cerca de 20 toneladas de coca à campanha presidencial, com um valor estimado em US$ 140 mil.

Agenda
O principal ponto da visita de Lula será a assinatura de um financiamento de US$ 332 milhões do BNDES para a construção de uma estrada entre a região e o norte do país.
Morales também aproveitará a presença de Lula para negociar temas relacionados ao gás natural. A Bolívia, com problemas para aumentar a produção, quer diminuir o volume de vendas para o Brasil para assegurar a venda à Argentina e ao mercado interno.
Morales quer ainda que a Petrobras pague pelo "gás rico" que vai ao Brasil misturado ao gás natural. Acordo sobre o tema, assinado em 2007, nunca saiu do papel. (FM)


Texto Anterior: Morales recebe Lula em polo produtor de coca
Próximo Texto: México: Lei diminui salários de Calderón e auxiliares
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.