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Em telefonema, Lula cobra Obama sobre bases e Honduras
Presidente pede garantias jurídicas de que EUA restringirão sua atuação à Colômbia, mas americano só promete novas explicações
Obama também não aceita de imediato sugestão de se reunir com presidentes da América do Sul em setembro, na ONU, para discutir tema
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em telefonema ontem para o
presidente Barack Obama, Luiz
Inácio Lula da Silva pediu garantias jurídicas de que a ampliação do acordo militar entre
EUA e Colômbia não vá extrapolar o combate exclusivo ao
narcotráfico nem significar a
instalação de bases americanas
em território colombiano -ou
seja, sul-americano.
O mesmo pedido já fora feito
por Lula ao presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, durante
sua recente vinda a Brasília para explicar a extensão do acordo com os EUA, sem que ele tivesse respondido sim ou não.
Lula também recebeu ontem
o ministro da Defesa, Nelson
Jobim, que irá ao Equador na
próxima segunda-feira e à Colômbia na terça, para conversas
com ministros de sua área sobre o acordo militar EUA-Colômbia e também para tentar
fazer uma ponte entre os dois
países. Quito e Bogotá estão
com as relações diplomáticas
suspensas desde o ano passado.
Nos 30 minutos de conversa
com Obama, Lula também formalizou o convite para que ele
se reúna com os 12 presidentes
da América do Sul aproveitando a abertura da Assembleia
Geral da ONU (Organização
das Nações Unidas), em Nova
York, de 23 a 30 de setembro,
para discutir a questão das bases colombianas.
"O presidente Lula mostrou
[a Obama] que há uma sensibilidade muito grande na região,
de outros países e nossa também, com a instalação das bases
por conta da proximidade com
a Amazônia", disse ontem o
chanceler Celso Amorim.
"O presidente insistiu que
haja garantias formais, juridicamente válidas, de que o equipamento e o pessoal não serão
usados fora do estrito propósito declarado [no acordo], que é
o combate ao narcotráfico, às
Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] e ao terrorismo", completou Amorim.
Apesar do pedido feito pelo
presidente brasileiro, Obama
não acenou com a possibilidade
de dar garantias jurídicas e apenas disse que enviará ao Brasil
um funcionário do Departamento de Estado para dar mais
explicações sobre as bases militares, além das já fornecidas
por outros enviados de segundo escalão do governo dos EUA.
Obama também não confirmou a reunião com os presidentes sul-americanos, alegando que estará sobrecarregado
recebendo centenas de delegações de outros países para a
reunião da ONU. Mas disse que
vai pensar sobre o assunto.
Honduras
Lula, cumprindo o que prometera ao presidente deposto
de Honduras, Manuel Zelaya,
durante visita deste a Brasília
na semana passada, pediu a
Obama que os EUA aumentem
a pressão sobre o regime golpista hondurenho. Obama fez um
relato de medidas adotadas pelos EUA e informou que será
enviada uma missão de chanceleres da OEA (Organização dos
Estados Americanos) a Tegucigalpa na segunda-feira para
discutir com o presidente golpista, Roberto Micheletti, a volta de Zelaya.
Nota divulgada pela Casa
Branca sobre a conversa diz
que os presidentes conversaram para discutir questões de
interesse e preocupação mútua
nos EUA e na América Latina.
"O presidente [Obama] reafirmou seu compromisso com
relações de longa data dos Estados Unidos na região e seu desejo de trabalhar em parceria
construtiva com o Brasil e outros em todo o continente para
ajudar a promover a democracia, a segurança e a prosperidade dos povos das Américas",
afirma a nota.
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