São Paulo, sábado, 22 de agosto de 2009

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Irã admite vistorias de reator nuclear pela AIEA após 1 ano

Visitas na semana passada ocorreram dias antes de agência da ONU divulgar relatório sobre programa nuclear do país

Inspetores tiveram acesso a reator de água e a centro de enriquecimento de urânio; grupo de negociações com Teerã se reúne em setembro


DA REDAÇÃO

O Irã permitiu na semana passada que inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) tivessem acesso, após um ano de bloqueio, ao polêmico reator de água pesada de Arak e atualizassem informações sobre o enriquecimento de urânio em Natanz, disseram diplomatas.
O aparente aceno de Teerã ocorre a poucos dias da divulgação de um importante relatório da agência nuclear da ONU sobre o programa iraniano, prevista para ocorrer na próxima semana. As inspeções não foram confirmadas oficialmente.
O complexo nuclear de Arak, que tem previsão de conclusão até o fim do ano, é considerado o pivô do programa nuclear iraniano. Seu reator de água pesada produzirá, como subproduto, o plutônio, material necessário à construção de bombas.
O programa nuclear iraniano é o principal ponto de atrito do país com potências ocidentais, que suspeitam de que Teerã vise a construção da bomba atômica. O Irã nega, alegando desenvolvê-lo para fins pacíficos -o que pode fazer, desde que em cooperação com a AIEA, pelo Tratado de Não Proliferação, texto do qual é signatário.
Os resultados das inspeções não foram divulgados pelos diplomatas. Em junho, porém, a AIEA estimara em 5.000 as centrífugas enriquecendo urânio em Natanz, além de outras 2.000 prontas para funcionar.
Embora o programa nuclear iraniano esteja envolto em interrogações, para alguns especialistas a tonelada de urânio que Teerã havia enriquecido até fevereiro já seria suficiente, mediante grau maior de enriquecimento, para produzir material para a bomba atômica.
No mês passado, porém, o futuro diretor-geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano, disse não haver "provas sólidas" de que o país busque a bomba.
O gesto de Teerã dividiu os diplomatas envolvidos: de um lado, os que louvaram a retomada das inspeções; de outro, os que viram uma tentativa de influenciar o relatório da AIEA.
As conclusões da agência deverão pautar reunião prevista para 2 de setembro do chamado P5+1 -membros do Conselho de Segurança da ONU mais Berlim-, na qual se espera que EUA, França, Reino Unido e a Alemanha pressionem Rússia e China a adotar uma quarta rodada de sanções contra o Irã.
Em abril, o grupo convidou o Irã a se reintegrar às negociações. Teerã abandonara as conversas com o grupo em meados de 2008 por se recusar a negociar seu programa nuclear.

EUA
Setembro é também o prazo informalmente estabelecido pelo governo Barack Obama para que Teerã responda aos acenos de Washington por reaproximação bilateral -EUA e Irã estão rompidos desde 1980.
Desde que assumiu, Obama fez uma série de gestos em direção ao Irã. A violenta repressão aos protestos contra a contestada reeleição do presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad em junho, porém, freou o ímpeto do americano.

Com agências internacionais



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