|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Revés eleitoral assombra democratas
Situação teme assistir à recuperação do Partido Republicano nas eleições legislativas de novembro que vem
Economia explica, em parte, a provável perda de cadeiras da legenda de Obama; Congresso deve tender à direita
Joe Rardle-9.ago.2010/Getty Images/France Presse
|
|
Cartazes eleitorais em comício democrata em Miami (Flórida); pesquisas apontam dianteira republicana para a votação legislativa de novembro
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Faltam cerca de 70 dias para as eleições do Senado e da
Câmara dos Representantes
(deputados) dos EUA, e o cenário político está cada vez
mais propenso a oferecer um
retorno de republicanos ao
poder que seria inimaginável
há apenas dois anos.
Todas as pesquisas indicam alta probabilidade de a
oposição recuperar o controle da Câmara, e, apesar de
menor, não é de todo desprezível a chance de conquistarem também o Senado.
Os republicanos estão hoje
seis pontos percentuais à
frente dos democratas nos levantamentos para voto genérico do Congresso (46,7% a
40,7%, segundo a média do
site Real Clear Politics).
Ainda em abril, quando a
diferença era menor (2,8 pontos a mais para os republicanos), o analista conservador
Michael Barone, autor do
bianual "Almanaque da Política Americana", já afirmava
que o ambiente das pesquisas "era o pior para democratas" nas cinco décadas em
que ele acompanha o tema.
Em 1994, ano que ficou conhecido como o da "Revolução Republicana" por o partido ter conquistado controle
do Congresso pela primeira
vez em quatro décadas, eles
ficaram à frente no voto nacional por cinco pontos.
Em 2006 e 2008, democratas ficaram à frente por 8 e 11
pontos, respectivamente, e
voltaram ao poder. Neste último, chegaram a conquistar
temporariamente uma supermaioria, e ao lado da vitória do presidente democrata
Barack Obama os resultados
levaram analistas a decretar
a "morte" dos republicanos
por pelo menos uma década.
Mas a situação mudou. Estarão em jogo em 2 de novembro todos os 435 assentos da
Câmara e 37 dos 100 do Senado (que se renova em um terço a cada dois anos). Destes,
ao menos cerca de 100 vagas
da Câmara e 18 do Senado estão em disputas consideradas mais competitivas.
É certo que os democratas
perderão vagas, só não se sabe quantas. Estimativas dão
conta de que o golpe será de
entre 30 e 40 cadeiras.
BOLSO VAZIO
Longe de ser um apoio aos
republicanos, o cenário é
uma reação contra o partido
no poder, principalmente
por causa da economia.
O país ainda está se recuperando muito lentamente
da crise; há cerca de 14,6 milhões de desempregados; a
reação natural é culpar os democratas.
"Novembro será menos
uma vitória para os republicanos e mais uma derrota para o governo Obama e o Partido Democrata", afirmou à Folha o analista conservador Brian Darling, do think
tank American Enterprise
Institute.
"Primeiro, o presidente
prometeu demais a respeito
da recuperação, e depois não
pôde cumprir. Segundo,
muitos ou estão desempregados ou conhecem gente
nessa situação. Justo ou não,
o partido do presidente sempre paga o pato quando a
economia vai mal."
Clyde Wilcox, professor do
departamento de governo da
Universidade Georgetown,
concorda. "O número de pessoas que dizem ser definitivamente republicanas não
cresceu. Mas, em época de
economia ruim, o partido da
situação perde mesmo muitos assentos."
A situação se reflete também na aprovação a Obama,
que já está ruim -em 45%,
para o Real Clear Politics.
Os dois analistas concordam que inevitavelmente o
Congresso se moverá mais
para a direita do espectro político após novembro.
Não só pré-candidatos
mais conservadores vêm
vencendo primárias republicanas nos Estados como os
próprios democratas estão
fazendo campanhas mais
centristas na tentativa de deter a hemorragia de eleitores.
Na sexta, o vice-presidente Joe Biden tentou reagir.
"Os relatos sobre a morte do
Partido Democrata foram
muito exagerados", disse.
"Em 3 de novembro, haverá
uma maioria democrata na
Câmara e uma maioria democrata no Senado. Se não
fosse ilegal, apostaria nisso."
Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Frases Índice
|