São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2010

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Derrota em pleito decretaria fim das grandes reformas de Obama

DE WASHINGTON

Se o cenário atual para as eleições do Congresso dos EUA se confirmar nas urnas em novembro, será o fim da era das grandes reformas domésticas propostas pelo presidente Barack Obama, o que poderá fazer com que ele se volte mais para a agenda externa.
Além disso, a confirmação das pesquisas nas urnas complicaria a situação do presidente para a reeleição em 2012.
Obama já estava com dificuldades para trabalhar com a composição atual do Congresso: passou várias reformas, como a do sistema de saúde, praticamente sem apoio republicano, e mesmo assim precisou ceder em pontos-chave para conseguir aprovações.
Se a oposição realmente avançar, como tudo indica, as dificuldades se agudizam.
Para Clyde Wilcox, do departamento de governo da Universidade Georgetown, em Washington, "qualquer que seja o número de assentos conquistados pelos republicanos, será quase impossível aprovar qualquer coisa nos próximos dois anos".
"Não acho que será possível abordar a reforma migratória nem aprovar novos pacotes de estímulo econômico", agregou.
O analista político Brian Darling é ainda mais radical: "Será virtualmente impossível para o governo trabalhar com o próximo Congresso", afirmou à Folha. "Há muita animosidade entre os dois partidos por conta dos primeiros anos deste governo."
Para dificultar mais, Wilcox avalia ainda que os republicanos deverão iniciar muitas investigações sobre o governo Obama, de olho em prejudicar suas chances em 2012.
"Tentarão colocá-lo na parede, deixar o governo na defensiva. Não precisam encontrar um grande escândalo, só fazer com que Obama tenha de ficar constantemente se explicando."

POLÍTICA EXTERNA
A alternativa para presidentes que enfrentam esse tipo de ambiente em geral é aprofundar a atuação na política externa, e com Obama não deverá ser diferente.
"Mesmo que não consiga fazer nada aqui, quando o presidente dos EUA viaja para algum outro país, as pessoas prestam atenção", afirma Wilcox. "Obama poderá por exemplo focar o conflito israelo-palestino pelos próximos dois anos."
Ele também deverá se concentrar na impopular Guerra do Afeganistão e na transição da operação no Iraque de mãos militares para civis.
No final de 2011, o país deverá ter a segurança entregue aos iraquianos e a retirada das tropas americanas remanescentes.
Uma medida de sucesso nessas operações daria a Obama a oportunidade de ter mais a mostrar quando chegar a hora de disputar a reeleição. (AM)


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