São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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À DIREITA

Partido liberal culpa Estado por estagnação

DO ENVIADO ESPECIAL A BONN

A atual coalizão de centro-esquerda não introduzirá as reformas necessárias para tirar a Alemanha da morosidade econômica, o que só o Partido Democrata Liberal (FDP) poderá fazer. A opinião é de Werner Hoyer, um dos vice-presidentes da legenda neoliberal. Leia a seguir trechos de sua entrevista à Folha na semana passada, em Bonn. (MSM)

Folha - Por que os alemães deveriam votar no FDP, que quer reduzir boa parte da proteção social da população?
Werner Hoyer -
Porque somos o único partido que pretende pôr em movimento o país, que se encontra estático há anos. Há enormes estruturas no Estado e na sociedade que impedem o crescimento econômico, e o FDP irá reduzi-las significativamente.
Com a coalizão de centro-esquerda, isso não será feito, o que nos manterá praticamente estagnados. É por isso que propomos amplas reformas. Se não houver uma liberalização do mercado de trabalho, a Alemanha manterá um ritmo lento de crescimento. Ademais, somos o único partido que tem força para influenciar os dois grandes partidos, pois propomos reformas concretas, não apenas retóricas.

Folha - Qual é a opinião do PDS em relação a um eventual ataque ao Iraque?
Hoyer -
O ceticismo quanto a ações militares é muito grande na Alemanha, e não podemos esquecer que há um equilíbrio muito frágil no Oriente Médio, que poderia ser prejudicado no caso de uma ofensiva militar.
Por outro lado, consideramos a política do chanceler [Gerhard" Schröder irresponsável por algumas razões. Primeiro, se ficar provado que Saddam Hussein produz ou busca produzir armas de destruição em massa, não poderemos deixar de agir para impedir que ele atinja seus objetivos.
Segundo, Schröder nos isolou totalmente na comunidade internacional, já que renunciou a influenciar qualquer decisão americana com sua atitude contrária a um eventual ataque. Com isso, não podemos nem discutir o tema com nossos parceiros da União Européia, o que é terrível.
O Reino Unido, a Itália e a Espanha mantêm contatos frequentes com a administração americana, porém nós não podemos fazê-lo por conta de uma atitude irresponsável e populista de Schröder.
O chanceler ainda não percebeu que o único caminho que podemos seguir é o do entendimento com nossos vizinhos europeus. Nossas relações européias vêm sendo gravemente minadas pela atitude isolacionista dele no que se refere ao caso iraquiano.


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