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São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Premiê acredita que decisão de "remover" líder palestino o levou a reprimir terroristas; Korei busca cessar-fogo


Sharon diz que ameaça a Arafat surte efeito

Said Khatib/Associated Press
Um militante palestino exibe sua arma durante manifestação de apoio a Arafat na faixa de Gaza


DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Ariel Sharon, disse ontem que a ameaça de seu país de "remover" o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, teria levado o líder palestino a agir para controlar os grupos terroristas.
"Parece que a pausa nos ataques vem do fato de que Arafat foi pressionado pela ameaça e está atuando para prevenir o terrorismo", avaliou Sharon na reunião semanal de seu gabinete.
A afirmação do premiê foi uma resposta à sugestão do ministro do Interior para que Israel rediscutisse a ameaça a Arafat. Na semana passada, a Assembléia Geral da ONU aprovou uma resolução, de valor apenas político, para que o governo israelense não leve adiante a decisão de agir contra o presidente palestino.
"Nós não vamos mudar nossas posições por causa disso ou de qualquer outra votação", disse Sharon na reunião. "Israel vai encontrar meios de prevenir distúrbios da parte da pessoa que mais danos causa ao país."
O premiê rejeitou a sugestão do ministro do Interior, Avraham Poraz, para rediscutir a ameaça a Arafat. O governo israelense tomou a decisão depois de dois atentados suicidas há duas semanas, mas foi vago sobre quando e de que maneira removeria Arafat de seu QG na Cisjordânia.
Poraz argumentou que a decisão piorou a imagem de Israel perante a comunidade internacional e vários países, além de ter motivado a resolução da ONU. Sharon respondeu que isso não era motivo para rediscutir o assunto.
Israel já havia criticado a resolução da Assembléia Geral da ONU. Para o governo israelense, a medida legitima o terrorismo, mas "não vale nada". Na terça-feira, os EUA haviam vetado uma tentativa da Síria de aprovar uma resolução parecida no Conselho de Segurança da ONU, essa sim de cumprimento obrigatório.

Apoio
O premiê palestino indicado, Ahmed Korei, reuniu-se ontem com representantes de 13 facções palestinas para reunir apoio para seu gabinete, que deverá ser indicado esta semana. Ele afirmou que quer acabar com as divisões palestinas para poder sugerir a Israel um cessar-fogo temporário.
O Hamas não estava presente e disse que não participará do governo. O Jihad Islâmico, outra organização terrorista palestina, e o Hamas alegam que não farão parte de um governo que atue de acordo com o plano de paz proposto pelos EUA.
"Nós rejeitamos participar de um governo que seja pautado por Oslo [os acordos de paz assinados em 1990] e por qualquer outro projeto israelense e americano", disse Khader Habib, do Jihad Islâmico. "O Hamas não fez parte de qualquer outro governo anterior e não vai participar desse", afirmou o grupo em comunicado.
Israel já matou 12 integrantes do Hamas desde atentado suicida do grupo em Jerusalém, com 23 mortos, no dia 19 de agosto.
Korei disse que a tentativa de um novo cessar-fogo -quando o ex-premiê Mahmoud Abbas estava no poder chegou a vigorar um- ainda não foi tratada com Israel. "Não vamos discutir isso oficialmente antes de termos uma posição palestina unificada."

Com agências internacionais

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