São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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Olmert oficializa renúncia como premiê

Acusado de corrupção, ele passa a chefiar interinamente o governo de Israel, à espera de coalizão que Tzipi Livni tentará formar

Partido ultra-religioso já diz que passará para a oposição, porque Livni é suspeita de aceitar dividir Jerusalém; paz com palestinos é remota

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, apresentou ontem formalmente seu pedido de demissão ao presidente Shimon Peres, mas deverá permanecer interinamente no cargo até que sua provável sucessora, a ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, consiga montar uma nova coalizão.
Em princípio, Livni tem 42 dias para levar a bom termo essa tarefa. Caso fracasse, diz a BBC, Shimon Peres poderá indicar para a costura de um novo gabinete uma outra personalidade do principal partido israelense, o Kadima.
Só na eventualidade de um segundo malogro é que seriam convocadas eleições legislativas antecipadas. Israel renovou as 120 cadeiras do Knesset, o Parlamento unicameral, em março de 2006. A atual coalizão possui 67 deputados.
Se vier a ser a nova premiê, Tzipi Livni será a segunda mulher a chefiar o governo de Israel, depois da trabalhista Golda Meir (1969-1974).
Pressionado, Olmert anunciara em julho que deixaria a chefia do governo. Inquérito policial aberto contra ele pediu seu indiciamento por ter recebido dinheiro de empresários americanos e por ter usado para duplo reembolso notas fiscais de viagens ao exterior.
O premiê nega ter tirado vantagens materiais no exercício de seus cargos anteriores - foi prefeito de Jerusalém e ministro da Indústria-, período coberto pelo inquérito.
Sua posição política já era fragilizada pela desastrosa campanha militar no sul do Líbano, contra o grupo xiita Hizbollah, em 2006. Uma comissão que investigou a campanha responsabilizou-o pessoalmente por imperícia.
Olmert se tornou primeiro-ministro, em janeiro de 2006, quando seu antecessor, Ariel Sharon, entrou em estado de coma, condição clínica em que ainda se encontra. Ele e Sharon, que pertenciam ao Likud (direita) formaram o Kadima (centro) em companhia de dissidentes trabalhistas, como o hoje presidente Peres.

Shas deixa coalizão
Livni fez o mesmo trajeto do Likud ao Kadima e, como chefe da diplomacia israelense, tem chefiado as hoje emperradas negociações de paz com os dirigentes palestinos. Também negocia com a Síria.
Segundo o jornal "Haaretz", ela se lançou na última sexta-feira numa maratona de contatos políticos para a formação de um gabinete. Ela encabeça a lista dos sucessores de Olmert por ter vencido as primárias internas de seu partido, quarta-feira, contra Shaul Mofaz, que é ministro dos Transportes e general da reserva.
A suposta predisposição de Livni em fazer concessões à ANP (Autoridade Nacional Palestina) levou o partido ultra-religioso Shas a anunciar desde já que pretende voltar para a oposição. O Shas acredita que Livni aceitará a divisão de Jerusalém com os palestinos.
Essa baixa antecipada alimenta cenários alternativos. Um deles indica que o líder do Likud, o ex-premiê Benjamin Netanyahu, estaria disposto a apoiar o governo se ficasse com o Ministério da Defesa. Netanyahu encontrou-se no sábado com o atual titular daquela pasta, o líder trabalhista Ehud Barak, que- e são outros rumores- poderia se manter no mesmo ministério em caso de legislativas antecipadas, nas quais o líder do Likud é o favorito para se tornar premiê.
Qualquer que seja o desdobramento do atual quadro, observadores crêem ser praticamente impossível desbloquear a curto prazo as negociações entre palestinos e israelenses. O presidente dos EUA, George W. Bush, que deixa o cargo em janeiro, pressionou para que esse eventual acordo se tornasse seu legado diplomático.


Com agências internacionais


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