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Olmert oficializa renúncia como premiê
Acusado de corrupção, ele passa a chefiar interinamente o governo de Israel, à espera de coalizão que Tzipi Livni tentará formar
Partido ultra-religioso já diz que passará para a oposição, porque Livni é suspeita de aceitar dividir Jerusalém; paz com palestinos é remota
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, apresentou
ontem formalmente seu pedido de demissão ao presidente
Shimon Peres, mas deverá permanecer interinamente no cargo até que sua provável sucessora, a ministra das Relações
Exteriores, Tzipi Livni, consiga
montar uma nova coalizão.
Em princípio, Livni tem 42
dias para levar a bom termo essa tarefa. Caso fracasse, diz a
BBC, Shimon Peres poderá indicar para a costura de um novo
gabinete uma outra personalidade do principal partido israelense, o Kadima.
Só na eventualidade de um
segundo malogro é que seriam
convocadas eleições legislativas antecipadas. Israel renovou
as 120 cadeiras do Knesset, o
Parlamento unicameral, em
março de 2006. A atual coalizão
possui 67 deputados.
Se vier a ser a nova premiê,
Tzipi Livni será a segunda mulher a chefiar o governo de Israel, depois da trabalhista Golda Meir (1969-1974).
Pressionado, Olmert anunciara em julho que deixaria a
chefia do governo. Inquérito
policial aberto contra ele pediu
seu indiciamento por ter recebido dinheiro de empresários
americanos e por ter usado para duplo reembolso notas fiscais de viagens ao exterior.
O premiê nega ter tirado vantagens materiais no exercício
de seus cargos anteriores - foi
prefeito de Jerusalém e ministro da Indústria-, período coberto pelo inquérito.
Sua posição política já era
fragilizada pela desastrosa
campanha militar no sul do Líbano, contra o grupo xiita Hizbollah, em 2006. Uma comissão que investigou a campanha
responsabilizou-o pessoalmente por imperícia.
Olmert se tornou primeiro-ministro, em janeiro de 2006,
quando seu antecessor, Ariel
Sharon, entrou em estado de
coma, condição clínica em que
ainda se encontra. Ele e Sharon, que pertenciam ao Likud
(direita) formaram o Kadima
(centro) em companhia de dissidentes trabalhistas, como o
hoje presidente Peres.
Shas deixa coalizão
Livni fez o mesmo trajeto do
Likud ao Kadima e, como chefe
da diplomacia israelense, tem
chefiado as hoje emperradas
negociações de paz com os dirigentes palestinos. Também negocia com a Síria.
Segundo o jornal "Haaretz",
ela se lançou na última sexta-feira numa maratona de contatos políticos para a formação de
um gabinete. Ela encabeça a lista dos sucessores de Olmert por
ter vencido as primárias internas de seu partido, quarta-feira, contra Shaul Mofaz, que é
ministro dos Transportes e general da reserva.
A suposta predisposição de
Livni em fazer concessões à
ANP (Autoridade Nacional Palestina) levou o partido ultra-religioso Shas a anunciar desde
já que pretende voltar para a
oposição. O Shas acredita que
Livni aceitará a divisão de Jerusalém com os palestinos.
Essa baixa antecipada alimenta cenários alternativos.
Um deles indica que o líder do
Likud, o ex-premiê Benjamin
Netanyahu, estaria disposto a
apoiar o governo se ficasse com
o Ministério da Defesa. Netanyahu encontrou-se no sábado
com o atual titular daquela pasta, o líder trabalhista Ehud Barak, que- e são outros rumores- poderia se manter no
mesmo ministério em caso de
legislativas antecipadas, nas
quais o líder do Likud é o favorito para se tornar premiê.
Qualquer que seja o desdobramento do atual quadro, observadores crêem ser praticamente impossível desbloquear
a curto prazo as negociações
entre palestinos e israelenses.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, que deixa o cargo em
janeiro, pressionou para que
esse eventual acordo se tornasse seu legado diplomático.
Com agências internacionais
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