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General dos EUA faz apelo por mais tropas
Comandante da Otan no Afeganistão afirma que, sem mais soldados, aliança militar ocidental caminha para derrota
Obama diz que só pretende tomar decisão sobre envio de reforços ao país após definir nova estratégia americana para conflito
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Os EUA precisam enviar
mais tropas ao Afeganistão a
fim de evitar uma derrota no
conflito que já se estende há oito anos. Essa é a principal mensagem de um documento confidencial enviado pelo general
Stanley McChrystal, comandante das forças americanas e
da Otan (a aliança militar ocidental) no país, ao secretário da
Defesa, Robert Gates.
O documento foi divulgado
na noite de domingo pelo jornal
"The Washington Post". Em
entrevista ao programa "Late
Show with David Letterman",
última escala de uma blitz pelos
principais canais americanos
entre domingo e ontem, Obama afirmou que só decidirá sobre o envio de mais tropas
quando estiver certo da estratégia americana na região. "Nós
não vamos tomar decisões de
enviar mais tropas até que saibamos qual é exatamente nossa
estratégia", disse.
Segundo funcionários do governo, uma das hipóteses em
estudo é expandir as operações
de contraterrorismo no Paquistão, redirecionando o foco
para eliminar a Al Qaeda, sem
uma escalada no número de
militares no Afeganistão.
A avaliação de McChrystal
foi enviada a Gates em 30 de
agosto e está agora sob análise
de Obama. O quadro descrito
pelo general é de um avanço da
insurgência em meio a um governo afegão corrupto e soldados que ainda não estão preparados para pôr a segurança da
população em primeiro lugar.
Ele afirma que apesar de a situação ser grave, o sucesso ainda é alcançável. O general propõe acelerar o aumento do número de soldados no país. A
meta atual é expandir o contingente de 92 mil para 134 mil até
dezembro de 2011, entre americanos (hoje 68 mil) e aliados.
Ele sugere alcançar esse patamar até outubro de 2010.
Sem uma data específica, o
general também defende aumento das forças afegãs para
240 mil soldados e da polícia
para 160 mil e diz ser necessária uma atuação mais integrada
com as unidades afegãs.
"Preocupados com a proteção das nossas próprias forças,
nós temos operado de forma
que nos distancia -fisicamente
e psicologicamente- das pessoas que buscamos proteger...
Os insurgentes não podem nos
derrotar militarmente, mas
nós podemos derrotar a nós
mesmos", diz o relatório.
O pedido de mais tropas
ocorre em meio à perda de
apoio da população americana
ao conflito no Afeganistão, com
a escalada de violência e do número de soldados mortos. A última pesquisa realizada pelo
"Washington Post" mostra que
51% dos entrevistados veem o
conflito como uma guerra que
não vale a pena lutar -no fim
de semana, no entanto, Obama
disse que não há prazo para os
EUA deixarem o país.
Segundo McChrystal, no curto prazo é realista esperar um
aumento do número de mortos
no conflito. "O fracasso em prover recursos adequados resulta
no risco de um conflito mais
longo, mais mortes, custos
mais elevados, e em última instância uma perda de apoio político. Qualquer um desses riscos, por sua vez, pode resultar
no fracasso da missão."
Desde que Obama anunciou
em março uma estratégia de
combate ao terrorismo focada
na guerra no Afeganistão, o
conflito perdeu apoio entre
eleitores e congressistas, e
cresceu o número de mortos.
Segundo o "Washington
Post", mais do que o eventual
aumento de tropas, a discussão
na Casa Branca é se após oito
anos de conflito o melhor é expandir a contrainsurgência, o
que requer programa intensivo
para melhorar a segurança da
população em pontos estratégicos ou mudar o foco e mirar nos
líderes terroristas que tentam
retornar ao Afeganistão.
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