São Paulo, terça-feira, 22 de setembro de 2009

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General dos EUA faz apelo por mais tropas

Comandante da Otan no Afeganistão afirma que, sem mais soldados, aliança militar ocidental caminha para derrota

Obama diz que só pretende tomar decisão sobre envio de reforços ao país após definir nova estratégia americana para conflito


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Os EUA precisam enviar mais tropas ao Afeganistão a fim de evitar uma derrota no conflito que já se estende há oito anos. Essa é a principal mensagem de um documento confidencial enviado pelo general Stanley McChrystal, comandante das forças americanas e da Otan (a aliança militar ocidental) no país, ao secretário da Defesa, Robert Gates.
O documento foi divulgado na noite de domingo pelo jornal "The Washington Post". Em entrevista ao programa "Late Show with David Letterman", última escala de uma blitz pelos principais canais americanos entre domingo e ontem, Obama afirmou que só decidirá sobre o envio de mais tropas quando estiver certo da estratégia americana na região. "Nós não vamos tomar decisões de enviar mais tropas até que saibamos qual é exatamente nossa estratégia", disse.
Segundo funcionários do governo, uma das hipóteses em estudo é expandir as operações de contraterrorismo no Paquistão, redirecionando o foco para eliminar a Al Qaeda, sem uma escalada no número de militares no Afeganistão.
A avaliação de McChrystal foi enviada a Gates em 30 de agosto e está agora sob análise de Obama. O quadro descrito pelo general é de um avanço da insurgência em meio a um governo afegão corrupto e soldados que ainda não estão preparados para pôr a segurança da população em primeiro lugar.
Ele afirma que apesar de a situação ser grave, o sucesso ainda é alcançável. O general propõe acelerar o aumento do número de soldados no país. A meta atual é expandir o contingente de 92 mil para 134 mil até dezembro de 2011, entre americanos (hoje 68 mil) e aliados. Ele sugere alcançar esse patamar até outubro de 2010.
Sem uma data específica, o general também defende aumento das forças afegãs para 240 mil soldados e da polícia para 160 mil e diz ser necessária uma atuação mais integrada com as unidades afegãs.
"Preocupados com a proteção das nossas próprias forças, nós temos operado de forma que nos distancia -fisicamente e psicologicamente- das pessoas que buscamos proteger... Os insurgentes não podem nos derrotar militarmente, mas nós podemos derrotar a nós mesmos", diz o relatório.
O pedido de mais tropas ocorre em meio à perda de apoio da população americana ao conflito no Afeganistão, com a escalada de violência e do número de soldados mortos. A última pesquisa realizada pelo "Washington Post" mostra que 51% dos entrevistados veem o conflito como uma guerra que não vale a pena lutar -no fim de semana, no entanto, Obama disse que não há prazo para os EUA deixarem o país.
Segundo McChrystal, no curto prazo é realista esperar um aumento do número de mortos no conflito. "O fracasso em prover recursos adequados resulta no risco de um conflito mais longo, mais mortes, custos mais elevados, e em última instância uma perda de apoio político. Qualquer um desses riscos, por sua vez, pode resultar no fracasso da missão."
Desde que Obama anunciou em março uma estratégia de combate ao terrorismo focada na guerra no Afeganistão, o conflito perdeu apoio entre eleitores e congressistas, e cresceu o número de mortos.
Segundo o "Washington Post", mais do que o eventual aumento de tropas, a discussão na Casa Branca é se após oito anos de conflito o melhor é expandir a contrainsurgência, o que requer programa intensivo para melhorar a segurança da população em pontos estratégicos ou mudar o foco e mirar nos líderes terroristas que tentam retornar ao Afeganistão.


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