São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2011

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ANÁLISE

Fala da presidente cita mulheres e palestinos, mas foca em economia

Aplausos para temas de apelo junto à plateia não tiram foco do ataque de Dilma a EUA e Europa pela crise


NO 'FINANCIAL TIMES', DILMA DIZ QUE VAI CONTRA-ATACAR MANIPULAÇÃO DO CÂMBIO

NELSON DE SÁ
ARTICULISTA DA FOLHA

Dilma Rousseff ganhou aplausos antes mesmo de entrar em cena, quando foi citada pelo secretário-geral da ONU. Depois, "ao contrário de Obama", como sublinhou a Associated Press, precisou parar seu próprio discurso duas vezes, ao lembrar que era a primeira mulher a abrir a Assembleia Geral e ao apoiar o Estado palestino.
Eram os temas que atraíam a polarizada plateia e os canais de notícias, que mostraram suas imagens e palavras em breves entradas ao vivo. A CNN chegou a avaliar que ela "faz história na ONU".
Sites de jornais como "Wall Street Journal" e "China Daily" contrastaram sua posição sobre os palestinos com a de Obama, que falou em seguida. E o Daily Beast, site da "Newsweek", revista que dedicou a ela sua capa, deu como manchete que "Dilma se bate pelas mulheres".
Embora tenha seguido o roteiro lulista de se apresentar como representante de um grupo oprimido, as mulheres, e defender a nação palestina, seu foco maior e urgente estava na deterioração da economia -aliás, pouco mencionada por Obama.
Como a Al Jazeera descreveu, Dilma falou que poucos governos provocaram a crise, mas agora todos precisam se coordenar para enfrentá-la.
Se não conseguiu aplausos imediatos, foi o que ecoou depois na cobertura -que trouxe más notícias para bancos americanos e europeus.
Por agências e sites de jornais financeiros, os enunciados sobre Dilma se voltaram à crítica que fez às "guerras cambiais", no que foi entendido pelo "Financial Times" como referência à política monetária dos EUA, e à defesa de maior "coordenação".
Em artigo que assina hoje no mesmo "FT", a presidente brasileira segue na ofensiva. O título adiantado no site, em tradução livre, é "Brasil vai contra-atacar os manipuladores de câmbio".
Escreve que "as nações que imprimem moedas de reserva estão manipulando a liquidez internacional sem senso do bem comum", com "efeitos devastadores para todos, mas especialmente para os países em desenvolvimento".
E defende o G20, em contraposição ao G7 reativado por EUA e Europa, como fórum para uma resposta coordenada à crise de 2008, que "não acabou, especialmente nas economias avançadas".
Além de cobrar papel para o Brasil na solução da crise, Dilma voltou a tratar do Conselho de Segurança.
A "Foreign Policy", que anteontem já havia apontado a importância do reconhecimento da Palestina por Lula para que a questão chegasse à ONU, destacou do discurso de Dilma a cobrança do lugar permanente no "clube dos meninos grandes".


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