São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2011

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ANÁLISE

Banda foi comercial sem perder credibilidade "indie"

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Há alguns meses, a revista inglesa "Mojo" fez uma reportagem sobre o 25º aniversário de "The Queen is Dead", o álbum clássico do The Smiths.
Um dos entrevistados foi Peter Buck, do R.E.M., que falou de sua amizade com Johnny Marr e da rivalidade saudável que existia entre as bandas. "Johnny sempre me dizia, com um certo exagero, que nós éramos os Beatles e os Stones da nossa geração."
Essa história diz muito sobre a longevidade do R.E.M..
Enquanto The Smiths, banda notável, porém morta e enterrada há muito tempo, é celebrada em festas de nostalgia dos anos 80, o R.E.M. passou os 25 anos seguintes lançando discos.
A história do R.E.M. se confunde com a trajetória do rock alternativo norte-americano.
Embora a banda nunca tenha lançado um LP por um selo independente -seus primeiros discos saíram pela I.R.S., gravadora ligada à poderosa A&M-, ela sempre foi um farol para centenas de outras bandas.
No começo, o R.E.M. se inspirou nas melodias folk do The Byrds, no power pop do Big Star e nos mantras distorcidos do Velvet Underground.
Tinha em Michael Stipe um letrista capaz de criar combinações misteriosas de palavras, que pareciam falar diretamente à alma de um público jovem e cansado da música banal que dominava as paradas.
O R.E.M. era uma banda adulta que, sem soar panfletária ou levantar bandeiras, explorou as contradições dos Estados Unidos de Ronald Reagan em discos melancólicos como "Murmur" (1983) e "Reckoning" (1984). Poucas vezes o rock politizado soou tão bonito.
Todo mundo foi influenciado por eles: de Radiohead a Nirvana, de Pavement a Wilco, de Teenage Fanclub a Decemberists.
O R.E.M. foi um caso raro - talvez único - de banda que fez sucesso comercial em todo o mundo, sem nunca perder sua credibilidade com a cena "indie".
Não é à toa que, em 2005, quando a publicação "College Music Journal" fez uma enquete para escolher as bandas mais influentes desde 1980, o R.E.M. ficou em primeiríssimo lugar, na frente de Nirvana, Sonic Youth e Pucblic Enemy.
Vai fazer muita falta.


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