São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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Fogo impediu resgate das vítimas no ônibus

DA REDAÇÃO

Michael Yitzhaki teve de agir rápido ontem após um carro-bomba ter se chocado contra a traseira do ônibus em que viajava. "Eu estava lendo um livro. A explosão foi tão forte que voei do banco", disse à rádio do Exército de Israel. "Saí do ônibus rápido. Em segundos, ele estava tomado pelas chamas."
Segundo a polícia, os terroristas utilizaram até 100 kg de explosivos. O combustível presente no tanque do ônibus ajudou a inflamar a bola de fogo que se formou em pouco tempo. Os passageiros sentados nos bancos de trás tiveram poucas chances.
Jalab Katawi, que voltava do trabalho conduzindo seu carro na mão contrária à que viajava o ônibus, disse ter visto a explosão. "Um segundo depois, um corpo caiu sobre o pára-brisas do meu carro. Fiquei chocado. Acho que era o corpo do terrorista."
O motorista do ônibus, Haim Avraham, foi pego de surpresa pelo atentado. Disse não ter percebido nada suspeito no caminho. "Parei no cruzamento Karkur e encostei perto do ponto de ônibus", relatou. "Havia um passageiro, que deu uns dois passos, se aproximando, quando houve a explosão de um carro-bomba. O ônibus inteiro voou pelos ares."
Leoni Gino, 17, outro sobrevivente da tragédia, afirmou: "De repente, senti tudo caindo sobre mim -os livros e as mochilas. Perguntei a um homem sentado ao meu lado: "o que devemos fazer?" E ele pulou pela janela."
Haim Avraham contou que, enquanto as chamas se alastravam, ele podia escutar o ruído de novas explosões, vindas da munição de soldados que viajavam e ficaram presos.
Yitzhaki disse que ele e outros que escaparam conseguiram retirar um soldado antes que fosse atingido pelo fogo. "Dois minutos depois, as explosões começaram, e não podíamos entrar porque o ônibus estava em chamas. Alguns soldados pularam pelas janelas e sobreviveram", relatou.
Muitos, entretanto, não tiveram a mesma sorte. Aqueles que saíram a tempo observaram, impotentes, o fogo consumir as vítimas. "Não conseguimos voltar a entrar para salvar ninguém", disse o motorista do ônibus. "Foi muito difícil continuar a ver pessoas a quem não podíamos mais ajudar."
Quando os paramédicos chegaram para o resgate, nada puderam fazer com os que haviam ficado no veículo. Eles afastaram as pessoas feridas do ônibus e prestaram os primeiros socorros ali mesmo, na beira da estrada.


Com agências internacionais



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