São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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IRAQUE

Declaração vem após Powell ter dito que a meta era desarmar o Iraque; EUA apresentam proposta à ONU

Bush volta a defender a queda de Saddam

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, voltou a dizer ontem que o objetivo de sua política com relação ao Iraque é promover mudança de regime em Bagdá.
A declaração se seguiu a afirmações do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, anteontem, segundo as quais o principal objetivo dos EUA era desarmar o Iraque, sugerindo que derrubar Saddam Hussein seja secundário.
"A política estabelecida pelos EUA é a de uma mudança de regime no Iraque, porque Saddam tem ignorado a ONU por 11 anos", disse Bush. Washington acusa o líder iraquiano de desenvolver armas de destruição em massa, desafiando resoluções do Conselho de Segurança (CS).
Embora tenha voltado a criticar Bagdá com firmeza, o presidente afirmou acreditar na possibilidade de um desarmamento pacífico do Iraque. "Já tentamos a diplomacia. Estamos tentando uma vez mais", declarou Bush. "Creio que o mundo livre possa desarmar este homem pacificamente -mas, se isso não funcionar, estamos dispostos, assim como outros países, a desarmar Saddam."
O Departamento de Estado americano disse ontem ter apresentado um projeto "revisado" de resolução contra o Iraque aos outros quatro membros permanentes do CS da ONU (Reino Unido, França, China e Rússia).
"Fizemos algumas mudanças para alcançar nossos objetivos e ampliar o apoio no CS", explicou Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado.
Uma das principais alterações seria a formulação no texto do documento de que "haverá consequências" caso Bagdá não coopere com um rigoroso regime de inspeções de suas armas.
Ao usar "consequências", em vez de "todos os meios necessários", os EUA aparentemente diminuíram o tom de sua ameaça de atacar o Iraque.
A proposta inicial de Washington, que tinha apoio do Reino Unido, foi rejeitada pelos outros três países com direito a veto no CS. França, China e Rússia se negam a autorizar o uso da força antes que seja tentada uma solução negociada para a crise.
Um projeto francês de resolução -que angariou maior simpatia no CS- previa um processo em duas etapas: primeiro, uma resolução exigindo a cooperação do Iraque com novas inspeções de armas; depois, caso Saddam prejudique as inspeções, nova resolução sobre o uso da força contra ele seria levada à votação.
Não está claro se, com a nova proposta, Washington optou por esse caminho. Nas últimas duas semanas de negociações, diplomatas disseram que os EUA poderiam patrocinar um texto propositalmente ambíguo. A resolução não falaria em uso da força, mas em "consequências" -o que poderia ser interpretado por Bush como sinal verde para um ataque caso considere que o Iraque esteja obstruindo as inspeções.
Declarações como aquela feita ontem pelo porta-voz de Bush, Ari Fleischer, reforçam as suspeitas de que os EUA teriam planos de atacar Bagdá após uma única resolução da ONU.
Segundo Fleischer, quando o documento for ratificado pelo CS, "os EUA terão todos os poderes necessários para atuar com seus aliados para eliminar, pela força se necessário, as armas de destruição em massa iraquianas". Ele não descartou, porém, a possibilidade de seu país voltar ao CS em busca de nova resolução antes de agir pela via militar.
Enquanto negocia na ONU, o governo americano continua a reforçar seu poderio militar no golfo Pérsico. Está enviando nesta semana cerca de 20 helicópteros AH-64 Apache ao Kuait. Esse tipo de aparelho foi usado na Guerra do Golfo (1991).


Com agências internacionais


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