São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

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Iraque quer redefinir termos de acordo para permanência dos EUA

Bagdá recua e pede emendas ao projeto que ordena saída dos EUA até 2011

DA REDAÇÃO

O Executivo iraquiano pediu ontem mudanças no projeto de acordo negociado há meses com os EUA para estabelecer as bases legais da permanência de tropas americanas no Iraque quando expirar, no fim deste ano, o mandato atribuído pela ONU após a invasão, em 2003.
Sem especificar quais seriam as emendas ao texto, um porta-voz de Bagdá alegou que o projeto precisa de alterações para se tornar "mais aceitável para os iraquianos".
O recuo do governo iraquiano se deve à crescente pressão da população e dos partidos religiosos e nacionalistas, que rejeitam o texto.
No último fim de semana, 50 mil pessoas participaram em Bagdá de uma manifestação convocada pelo líder xiita Moqtada al Sadr contra o acordo.
O trato também enfrenta rejeição dentro do gabinete. Até mesmo o premiê Nuri al Maliki retirou o apoio das legendas xiitas, por ele lideradas.
O pacto atualmente em discussão determina que os 144 mil soldados americanos hoje no Iraque devem desocupar totalmente o país até o fim de 2011, mas deixa em aberto a prorrogação deste prazo.
Em outro ponto polêmico, o acordo diz que o governo iraquiano não poderá processar militares americanos, exceto por abusos cometidos quando eles não estiverem no exercício de suas funções.
Os adversários do documento exigem uma retirada mais rápida e contestam a imunidade aos soldados dos EUA.
Com as acirradas discussões sobre a inclusão de novas emendas, o acordo deverá tramitar por mais tempo no gabinete e só será submetido ao Legislativo iraquiano num prazo de várias semanas. Segundo admitiu ontem o chanceler iraquiano, Hoshyar Zebari, "é improvável que o Parlamento iraquiano aprove o acordo antes da eleição presidencial nos EUA, em 4 de novembro".
Washington deixou claro ontem que não vê com bons olhos eventuais mudanças no projeto de pacto. "A ausência de um acordo teria conseqüências dramáticas [em matéria de segurança]", disse o secretário americano de Defesa, Robert Gates. "Só temos duas alternativas: um acordo ou um novo mandato da ONU. O problema é que hoje não temos a certeza de que conseguiríamos o que queremos se voltarmos às Nações Unidas", acrescentou Gates.

Com agências internacionais



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