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HOLOCAUSTO
Arquivos do museu Yad Vashem, com três milhões de nomes, está on-line; internautas podem inserir dados
Site traz biografia de vítimas do nazismo
JOSEPH BERGER
DO "NEM YORK TIMES"
O que se sabe sobre a vida das
vítimas do holocausto geralmente
é resumido na quantidade: seis
milhões. Poucos se lembram que
cada uma teve um nome, um endereço, um lugar de nascimento e
um lugar onde morreu.
Agora, o Yad Vashem, o museu
e arquivo do Holocausto em Jerusalém, juntou a maior e mais
abrangente lista com nomes de
judeus mortos no período -mais
de três milhões, metade dos que
sucumbiram-, contendo detalhes biográficos e fotografias, e a
colocou ontem na internet, no endereço www.yadvashem.org.
O projeto não somente é visto
como um marco comemorativo
para que aqueles que perderam
parentes possam se recordar deles
mas também como mais um meio
de refutar os que tentam negar o
tamanho da matança dos judeus
da Europa.
O banco de dados possibilita
que filhos, netos e futuros descendentes pesquisem as histórias de
suas famílias e, em alguns casos,
permite que os sobreviventes rastreiem aqueles cujo destino é desconhecido. Após a Segunda Guerra Mundial, muitos entre os que
sobreviveram sabiam que seus
parentes haviam sido massacrados em campos de concentração
ou deportados, mas nunca tiveram certeza sobre quando e onde
eles foram mortos.
"No momento em que entraram em Auschwitz, eles perderam
o nome e se tornaram um número", diz Elie Wiesel, um porta-voz
dos sobreviventes do Holocausto
e vencedor do Prêmio Nobel da
Paz. "Seis milhões de nomes se
evaporaram, transformados em
poeira e cinzas. Daqui a centenas
de anos, nós saberemos onde ir
para conhecer algo sobre nossa
genealogia e de onde viemos."
Novos registros
Avner Shalev, presidente do
conselho-diretor do Yad Vashem,
afirmou que, com a divulgação do
projeto, acredita em um grande
crescimento dessa lista, a partir da
entrada de novas informações pelo site do museu.
Dois anos depois de ser criado
pelo Parlamento israelense, em
1955, o Yad Vashem começou a
arquivar páginas conhecidas como testemunhos (registros recebidos de parentes em Israel e no
exterior). Os testemunhos contêm 22 informações básicas, incluindo local e ano de nascimento, profissão e relação de parentes.
Algum tempo depois, o museu
publicou anúncios procurando
por mais nomes, entrevistou sobreviventes e obteve emprestadas
listas de outros arquivos.
Naquele ano, o museu conseguiu testemunhos de dois milhões de vítimas, que foram complementados com informações
recolhidas em centenas de registros burocráticos mantidos pelos
nazistas e seus colaboradores, como listas de campos de concentração e de empresas de transporte ferroviário.
Segundo Shalev, meio século de
esforços não foram suficientes para identificar todos os seis milhões. Em grandes regiões do Leste Europeu e da antiga União Soviética, nenhuma documentação
foi mantida pelos esquadrões que
dizimaram populações judias inteiras em algumas cidades ou por
tropas nazistas que despachavam
habitantes de guetos para serem
mortos em câmaras de gás nos
campos da morte. "A maioria das
listas com o nome dos 437 mil judeus presos e enviados a Auschwitz num período de 56 dias pela
polícia húngara, em 1944, nunca
foram encontradas."
O banco de dados, cuja criação
consumiu entre US$ 15 milhões e
US$ 17 milhões, de acordo com os
cálculos de Shalev, pode ser pesquisado em inglês ou em hebreu.
Os visitantes do site podem adicionar nomes e fotografias, incluir informações perdidas e corrigir dados incorretos. As informações serão checadas antes da
inclusão. Os internautas também
têm acesso a reproduções dos testemunhos escritos à mão.
O número de seis milhões de vítimas do holocausto foi calculado
após a Segunda Guerra Mundial,
comparando-se censos do período pré-guerra com listas dos sobreviventes compiladas pela Cruz
Vermelha e outras organizações
de assistência. Havia cerca de nove milhões de judeus nos países
europeus sob o controle dos nazistas, que mataram dois em cada
três judeus.
O site do Yad Vashem não inclui os não-judeus, como ciganos,
que também sofreram com a carnificina nazista.
A tarefa de compilar uma lista
de indivíduos diferentes apresentou alguns problemas porque os
nomes das pessoa e das cidades
foram soletrados com muitas variações. "Os judeus podem soletram Isaac de 700 maneiras", explica Shalev. "E Cohen? Há mil
maneiras de soletrar Cohen." A
ferramenta de busca do Yad Vashem leva em conta algumas discrepâncias e tenta eliminar os registros duplicados.
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