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Iraque reata com Síria após 24 anos e conversa com Irã
Em meio a pressão nos EUA para contatar "inimigos", eles tentam ganhar influência
Chefe da ONU afirma que guerra poderia ter sido evitada e vê EUA numa armadilha, pois "não podem sair e não podem ficar"
DA REDAÇÃO
Após 24 anos de distanciamento, o Iraque e a Síria assinaram ontem o acordo que restabelece as relações diplomáticas
entre os dois países, no segundo dia da visita do ministro de
Relações Exteriores sírio, Walid al Moallem, a Bagdá.
A aproximação dos vizinhos,
aliada à iniciativa do presidente
do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de propor um encontro dos
líderes dos três países para discutir a violência no Iraque, promete mudanças na política da
região, e ocorre em meio a pressões nos EUA pelo diálogo com
Irã e Síria em busca de uma solução para o caos iraquiano.
Os dois países, que o presidente George W. Bush já definiu como integrantes de um
"eixo do mal", aproveitam o
momento para tentar ganhar
influência no Oriente Médio.
Iraque e Síria cortaram relações durante a Guerra Irã-Iraque (80-88), em que os sírios ficaram do lado do Irã. Com a
Guerra do Iraque, porém, dezenas de milhares de iraquianos
já se refugiaram na Síria.
Para Damasco, além da possibilidade de aumentar seu papel na região, a reaproximação
pode melhorar suas péssimas
relações com os EUA. No acordo assinado pelo ministro em
Bagdá, a Síria concorda com
uma retirada gradual das tropas americanas no Iraque.
Já o premiê Nuri al Maliki espera, além de mais legitimidade, a diminuição da violência
interna -Irã e Síria são acusados de financiar grupos insurgentes, e Maliki enfatizou a necessidade de Damasco tomar
medidas para interromper o
fluxo de combatentes que entram pela fronteira síria.
Ahmadinejad tenta ampliar
seu raio de influência -como o
Irã, o Iraque tem governo e
maioria xiitas. E a participação
no processo de pacificação dificultaria a intenção da ONU de
impor sanções ao Irã por suas
atividades nucleares.
A movimentação no Oriente
Médio se antecipa ao que vem
sendo discutido em Washington. Bush tem sido pressionado
a dialogar com os "inimigos", e
o grupo de estudo que apresentará uma proposta de nova estratégia no Iraque deve sugerir
o mesmo. Ele resiste à idéia.
Ontem, o secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, disse que os
EUA estão "numa armadilha".
"Eles não podem ficar e não podem sair", disse, acrescentando
que acredita "firmemente que a
guerra poderia ter sido evitada". Ele encorajou Síria e Irã a
"serem parte da solução".
Com agências internacionais
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