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Chirac é denunciado por contratar cabos eleitorais
Ex-presidente francês é investigado por pagar partidários como assessores da Prefeitura
Denúncias, que ele rechaça, remontam ao seu período como prefeito de Paris, de 1977 a 1995; investigação envolve outros 20 políticos
DA REDAÇÃO
O ex-presidente da França
Jacques Chirac, 74, foi ontem
denunciado pela Justiça pela
suposta contratação de assessores quando prefeito de Paris
(1977-1995), que, na verdade,
eram cabos eleitorais de seu
partido, o conservador RPR
(Reunião pela República) -hoje rebatizado UMP (União para
um Movimento Popular).
Chirac apresentou-se às
8h30 ao gabinete da juíza Xavière Simeoni, que por quatro
horas o interrogou sobre os critérios de recrutamento da Prefeitura. Segundo um dos advogados do ex-presidente, Jean
Veil, a juíza convocará o denunciado novamente.
Pela legislação penal francesa, Chirac está submetido a
uma "investigação judicial" que
pode ou não preceder o indiciamento, a partir do qual se desencadearia um processo. De
qualquer modo, é a primeira
vez na recente história republicana daquele país que um ex-chefe de Estado enfrenta problemas com a Justiça.
Em artigo publicado ontem
no "Le Monde", Chirac afirma
que todas as contratações foram legítimas e necessárias,
dentro da ampliação dos poderes do prefeito parisiense. Antes dele, a capital era administrada por um representante do
governo central.
Sem enriquecimento
Ele também afirma que "jamais ocorreu enriquecimento
pessoal" e que, dos 40 mil funcionários municipais, subsistem dúvidas em torno de apenas duas dezenas de contratações num período de 18 anos.
No último 19 de julho o ex-presidente já havia recebido a
visita de um outro magistrado,
Alain Philibeaux, que investiga
a contratação indevida de assessores. Desta vez ele foi, no
entanto, convocado a se apresentar no fórum.
O caso está sendo investigado desde 2002, mas Chirac não
poderia ser interrogado em razão de sua imunidade, que perdeu um mês depois de transmitir em maio último o poder a
seu sucessor, Nicolas Sarkozy.
Ele é a 21ª pessoa denunciada
no processo. Já o foram seus
quatro ex-chefes-de-gabinete e
seu sucessor na prefeitura,
Jean Tiberi. Também é o caso
de dois ex-ministros e de Marc
Blondel, ex-líder da central sindical Força Operária, que por
alguns anos teve guarda-costas
pago pela prefeitura.
O "Le Monde" diz que um senador do partido de Chirac, Lucien Lanier, teve seu motorista,
Alain Costecalde, contratado
pela Prefeitura de Paris como
suposto assessor técnico.
Como prefeito, Chirac tinha
como braço direito Alain Juppé, que foi condenado por corrupção a 14 meses, cumpridos
em liberdade. Juppé chegou a
ser nomeado ministro do Ambiente do presidente Sarkozy,
mas se exonerou ao ser derrotado nas eleições legislativas de
junho último.
Oposição discreta
A oposição de esquerda reagiu discretamente ao episódio.
O deputado socialista Arnaud
Montebourg, que procurou até
há cinco anos tirar a imunidade
de Chirac, disse que a decisão
judicial "é uma espécie de vitória póstuma", já que o mandato
presidencial terminou.
André Vallini, porta-voz da
bancada socialista na Assembléia, afirmou que Chirac "deve
ser beneficiado pela presunção
de inocência.
O deputado Noël Mamère,
dos Verdes, declarou "que há
um problema sério" no fato de
Chirac ser membro, a exemplo
dos demais ex-presidentes vivos, do Conselho Constitucional, colegiado de reuniões esporádicas que por vezes funciona como uma Suprema Corte.
Com agências internacionais
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