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Brasil mandará Amorim para Annapolis
Chanceler será o único representante sul-americano entre 40 convidados a reunião de paz israelo-palestina nos EUA
Washington pressiona por participação dos sauditas, o que daria legitimidade ao encontro e a Abbas; Síria também foi convidada
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O chanceler Celso Amorim
representará o Brasil na conferência que os EUA organizarão
na próxima semana para tentar
retomar as negociações de paz
entre palestinos e israelenses.
O brasileiro será a única presença latino-americana entre
os mais de 40 convidados para
o encontro, na terça-feira, dia
27, na cidade de Annapolis.
Essa é a primeira grande iniciativa americana no processo
de paz desde que o presidente
George W. Bush assumiu o governo, em 2001. Desde então as
relações entre israelenses e palestinos sofreram grave deterioração e as negociações tiveram pouco avanço.
Será também a primeira vez
de um país latino-americano
em uma conferência de paz do
Oriente Médio, o que está sendo considerado nos altos escalões do Itamaraty uma vitória
da diplomacia brasileira, ainda
que haja pouco otimismo em
torno da cúpula de Annapolis.
Para Afonso Celso de Ouro
Preto, embaixador extraordinário do Brasil para o Oriente
Médio, o convite feito pelo governo americano "coroa as
boas relações" do país com os
dois lados do conflito.
Segundo outro diplomata
brasileiro ouvido pela Folha, o
Itamaraty prefere não ter expectativas em relação ao resultado de Annapolis, já que as dificuldades de avanço têm sido
enormes nos últimos anos.
Mas considera que a realização
do encontro já é um progresso,
e espera ter uma participação
produtiva na ocasião. "É um sinal positivo que esse encontro
seja realizado".
O mesmo diplomata disse
ainda que o Brasil não pretende apresentar propostas concretas durante o encontro, mas
que quer ter uma ação ativa.
"Seria um exagero dizer que o
Brasil passará a ter um papel de
mediador. Mas o convite demonstra ao mundo que somos
um membro ativo das negociações", comentou, acrescentando que o Brasil tem trocado
idéias sobre o processo de paz
com israelenses e com palestinos nos últimos anos.
Entre os convidados estão
ainda o secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, e os países
com assento permanente no
Conselho da entidade, além
dos EUA -China, Rússia, Reino Unido e França. Javier Solana, representante da União Européia para o exterior, também
foi convidado.
Árabes
As maiores expectativas têm
girado em torno da participação da Arábia Saudita e da Síria.
Convidados, nenhum dos dois
países confirmou que irá.
O presidente dos EUA, George W. Bush, telefonou anteontem para o rei da Arábia Saudita, Abdullah, pedindo que ele
envie a Annapolis seu chanceler, o príncipe Saud al Faisal. A
presença de Faisal no encontro
ajudaria a dar legitimidade entre os árabes e palestinos não só
à cúpula, mas a Mahmoud Abbas. O presidente da Autoridade Nacional Palestina é considerado pelo Ocidente o representante dos palestinos desde
que o grupo radical islâmico
Hamas tomou a faixa de Gaza,
em junho, isolando o Fatah de
Abbas na Cisjordânia.
Mas os sauditas têm exigido
que, em troca do endosso pleno
ao encontro, Israel se comprometa a fazer concessões significativas no processo de paz.
A presença do chanceler da
Síria no encontro também ajudaria a legitimá-lo. O ministro
da Informação do país, Mohsen
Bilal, declarou que a Síria está
disposta a participar, desde que
se inclua nas conversas a situação das colinas do Golã, tomadas por Israel na Guerra dos
Seis Dias, em 1967.
Numa tentativa de alavancar
o papel de Abbas como representante legítimo dos palestinos, o governo israelense aprovou ontem o envio de um carregamento de munição e 25 veículos blindados para a força de
segurança palestina na Cisjordânia, região cujas fronteiras
são controladas por Israel.
Com agências internacionais e o "New York Times"
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