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Visita culmina três anos de flerte bilateral
DO ENVIADO A BRASÍLIA
A viagem de Mahmoud
Ahmadinejad ao Brasil
culmina uma aproximação bilateral iniciada em
2006 e que tanto Brasília
como Teerã encaram como estratégica e vocacionada a dar, no longo prazo,
os resultados esperados.
O primeiro aceno de Ahmadinejad veio alguns
meses após a sua eleição,
em junho de 2005, quando
o então embaixador do Irã
em Brasília, Seyed Jafar
Hashemi, divulgou na imprensa que seu presidente
gostaria de visitar o Brasil.
No ano seguinte, o recém-reeleito Lula e Ahmadinejad se encontraram
pela primeira vez, em Quito (Equador), na posse do
presidente Rafael Correa.
Em conversa de alguns
minutos, os dois líderes se
cumprimentaram efusivamente, e Lula convidou o
iraniano a visitar o Brasil.
Assessores relatam que
houve uma "química imediata" entre os dois, que
compartilham a origem
humilde e um forte apelo
nos meios populares.
Seguiram-se dois anos
de crescentes relações políticas e econômicas que,
no entanto, não conseguiam se traduzir em visitas de alto nível, possivelmente devido à resistência
velada de alguns setores
do Itamaraty diante de um
líder tão controverso.
Segundo disse à Folha
um diplomata brasileiro, o
próprio chanceler Celso
Amorim foi inicialmente
reticente em relação à
pertinência de receber o
presidente iraniano.
Em 2007, Ahmadinejad
quis passar por Brasília ao
regressar da Assembleia
Geral da ONU, em Nova
York, mas o Itamaraty alegou problema de agenda
de Lula e cancelou a visita.
A perspectiva real de
uma viagem do iraniano
ao Brasil, que desde o início preocupou Israel, só
tomou forma em 2008,
quando Amorim foi pela
primeira vez ao Irã. A visita do iraniano, agendada
para maio, foi anulada na
véspera em meio a crescentes tensões que antecederam o controverso
pleito no qual se reelegeu.
Segundo fontes do governo do Brasil, Lula aposta no Irã como grande parceiro no Oriente Médio e
quer consolidar a relação,
cujo potencial transcende
a figura do atual presidente iraniano ou mesmo do
regime teocrático, que dá
crescentes sinais de racha.
Visão semelhante à de
Lula teve Fernando Collor, que, em 1991, enviou
seu chanceler, Francisco
Rezek, para Teerã.
Do lado iraniano, quem
havia demonstrado maior
interesse no Brasil antes
de Ahmadinejad fora o xá
Reza Pahlevi, que esteve
em Brasília em 1965. Na
mesma época, a Embaixada do Irã foi a primeira representação estrangeira a
ser inaugurada na nova
capital federal.
(SA)
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