São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009

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Visita culmina três anos de flerte bilateral

DO ENVIADO A BRASÍLIA

A viagem de Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil culmina uma aproximação bilateral iniciada em 2006 e que tanto Brasília como Teerã encaram como estratégica e vocacionada a dar, no longo prazo, os resultados esperados.
O primeiro aceno de Ahmadinejad veio alguns meses após a sua eleição, em junho de 2005, quando o então embaixador do Irã em Brasília, Seyed Jafar Hashemi, divulgou na imprensa que seu presidente gostaria de visitar o Brasil.
No ano seguinte, o recém-reeleito Lula e Ahmadinejad se encontraram pela primeira vez, em Quito (Equador), na posse do presidente Rafael Correa.
Em conversa de alguns minutos, os dois líderes se cumprimentaram efusivamente, e Lula convidou o iraniano a visitar o Brasil.
Assessores relatam que houve uma "química imediata" entre os dois, que compartilham a origem humilde e um forte apelo nos meios populares.
Seguiram-se dois anos de crescentes relações políticas e econômicas que, no entanto, não conseguiam se traduzir em visitas de alto nível, possivelmente devido à resistência velada de alguns setores do Itamaraty diante de um líder tão controverso.
Segundo disse à Folha um diplomata brasileiro, o próprio chanceler Celso Amorim foi inicialmente reticente em relação à pertinência de receber o presidente iraniano.
Em 2007, Ahmadinejad quis passar por Brasília ao regressar da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, mas o Itamaraty alegou problema de agenda de Lula e cancelou a visita.
A perspectiva real de uma viagem do iraniano ao Brasil, que desde o início preocupou Israel, só tomou forma em 2008, quando Amorim foi pela primeira vez ao Irã. A visita do iraniano, agendada para maio, foi anulada na véspera em meio a crescentes tensões que antecederam o controverso pleito no qual se reelegeu.
Segundo fontes do governo do Brasil, Lula aposta no Irã como grande parceiro no Oriente Médio e quer consolidar a relação, cujo potencial transcende a figura do atual presidente iraniano ou mesmo do regime teocrático, que dá crescentes sinais de racha.
Visão semelhante à de Lula teve Fernando Collor, que, em 1991, enviou seu chanceler, Francisco Rezek, para Teerã.
Do lado iraniano, quem havia demonstrado maior interesse no Brasil antes de Ahmadinejad fora o xá Reza Pahlevi, que esteve em Brasília em 1965. Na mesma época, a Embaixada do Irã foi a primeira representação estrangeira a ser inaugurada na nova capital federal. (SA)

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