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Senado avança para dar aval a reforma de Obama antes do Natal
Projeto de mudanças no sistema de saúde dos EUA depois ainda precisará ser harmonizado com o da Câmara antes de virar lei
Após árduas negociações, governo consegue o apoio de todos os democratas e evita tentativa de obstrução
da oposição republicana
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O projeto de lei da reforma
do sistema de saúde dos EUA
passou ontem por um teste-chave para viabilizar a sua
aprovação no Senado antes do
Natal. Em votação durante a
madrugada, os democratas
conseguiram reunir os votos de
todos os seus 58 membros na
Casa e mais os de dois independentes, obtendo o número mínimo necessário para evitar a
prorrogação das discussões sobre o projeto.
O presidente dos EUA, Barack Obama, elogiou o resultado. "O Senado nos colocou mais
próximos da reforma que faz
uma tremenda diferença para
famílias, idosos, empresas e para o país como um todo", disse.
O governo corre contra o tempo para assegurar que o projeto
seja aprovado no Senado antes
do Natal, quando começa o recesso parlamentar.
Principal ponto da agenda
doméstica de Obama, a reforma deve estender a cobertura
de saúde para mais de 30 milhões de pessoas hoje sem atendimento. Além disso, concede
subsídios para que parte da população possa arcar com a cobertura privada. O projeto prevê ainda cortes de gastos do governo, que incluem a redução
no ritmo de crescimento do
programa de saúde dos idosos.
O custo estimado do projeto
é de US$ 871 bilhões, mas o Escritório de Orçamento do Congresso avalia que o dispêndio
será compensado pelos gastos
menores e que até 2011 a lei
contribuirá para reduzir o deficit americano.
Apesar de ter sido ainda uma
votação preliminar, o resultado
de ontem foi visto como uma
prévia da votação final. Democratas e dois independentes votaram a favor de derrubar a
obstrução e não contaram com
o apoio de nenhum republicano. A expectativa é que a lei seja
votada até a véspera de Natal.
A julgar pela votação de ontem, o processo rumo à aprovação final não será fácil para os
democratas. Trocas de acusações e acordos fechados no último momento foram a tônica de
uma votação que ocorreu à 1h
da manhã. Além das divergências políticas, alguns senadores
também tiveram dificuldade
para chegar a Washington após
uma tempestade de neve cair
sobre a capital no sábado.
Equilíbrio delicado
O último dos 60 votos só foi
obtido após acordo com o senador democrata Ben Nelson, de
Nebraska, que exigiu mais benefícios para o seu Estado. Os
democratas dependeram ainda
do voto do senador Robert
Byrd, de Virgínia Ocidental,
que aos 92 anos enfrenta problemas de saúde.
Após a aprovação no Senado,
a tramitação prevê que o projeto apoiado pelos senadores seja
harmonizado com o que foi
aprovado na Câmara dos Representantes. Membros selecionados da Câmara e do Senado terão de transformar os projetos em uma peça única, que
depois será votada novamente
nos plenários do Senado e na
Câmara. Só aí a lei segue para
sanção presidencial.
O problema é que o projeto
aprovado pela Câmara inclui
itens mais polêmicos que foram vetados no Senado -o
principal deles é a criação de
um plano público de saúde para
competir com o setor privado.
Representantes afirmam que
não aceitarão aplicar integralmente o projeto do Senado,
mas qualquer concessão pode
pôr fim ao delicado equilíbrio
no Senado, onde são precisos os
votos de todos os governistas
para aprovar o projeto. O senador Nelson, por exemplo, cujo
voto foi crucial ontem, afirmou
que só manterá o apoio se a peça final contiver as principais
características do projeto do
Senado.
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