São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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Atentados matam mais de cem no Iraque

Explosão de carros-bomba em mercados deixaram 200 feridos, no pior dia de violência sectária no país em dois meses

Violência salienta desafios à nova estratégia dos EUA para a segurança da capital, onde no domingo chegaram 3.200 homens adicionais

DA REDAÇÃO

Explosões de carros-bomba em mercados populares do Iraque deixaram ontem mais de cem mortos e pelo menos 200 feridos, no pior dia de violência sectária dos últimos dois meses no país. As duas primeiras explosões, quase simultâneas, ocorreram no horário de pico do mercado de Bab al Sharji, um dos mais movimentados de Bagdá, matando 88 pessoas e destruindo lojas e barracas de propriedade, em sua maioria, de muçulmanos xiitas.
Horas depois, uma bomba escondida numa barraca de verduras do mercado de Khalis, local onde também há predominância xiita ao norte de Bagdá, matou 12 e feriu 40 pessoas. A explosão foi seguida, cinco minutos depois, do disparo de um míssil, que aumentou a destruição e o número de feridos.
No total, 127 pessoas morreram ou foram achadas mortas ontem no Iraque, incluindo uma professora abatida a tiros a caminho de uma escola de meninas, em uma área sunita de Bagdá. Pelo menos 30 corpos foram encontrados na capital, aparentemente vítimas de esquadrões xiitas.
A onda crescente de violência no Iraque, que na semana passada deixou centenas de civis mortos, ocorre no início de um importante feriado xiita, a Ashura, e em meio aos preparativos para o novo plano de segurança do governo para a capital, que tem o reforço de soldados americanos. No domingo, os EUA anunciaram a chegada de 3.200 homens a Bagdá, os primeiros do contingente adicional de 21.500 soldados previstos na nova estratégia americana para o país.
O premiê Nuri al Maliki condenou os atentados de ontem, pelos quais culpou "terroristas" e simpatizantes do ditador Saddam Hussein. Os atentados salientam as dificuldades que as forças americanas e iraquianas terão para conter a violência entre sunitas e xiitas, no novo e polêmico plano anunciado pelo presidente George W. Bush há duas semanas.
O Exército americano anunciou ontem a morte de mais um soldado no Iraque, elevando a 28 o número de baixas nos últimos três dias. Vinte e cinco soldados morreram no sábado -o terceiro dia mais sangrento para os EUA desde a invasão, em 2003-, 12 deles na queda de um helicóptero ao norte de Bagdá. O comando americano confirmou a suspeita de que a aeronave tenha sido derrubada por fogo inimigo, mas disse que ainda investiga o incidente.

Petróleo
Autoridades curdas negaram ontem ao jornal "Financial Times" que as principais lideranças iraquianas tenham superado suas diferenças sobre um controvertido projeto de lei destinado a definir a divisão da renda do petróleo.
A declaração de um ministro iraquiano na semana passada, de que a lei estava prestes a ser enviada ao Parlamento, foi recebida como um possível desfecho para o impasse entre os partidos curdos e o governo dominado pelos xiitas sobre uma lei que permitiria investimento estrangeiro em larga escala no setor petrolífero do país, que tem a segunda maior reserva de petróleo do mundo.


Com agências internacionais

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