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SOB NOVA DIREÇÃO / PONTOS QUENTES
Governo terá enviados para conflitos
George Mitchell tratará de questão israelo-palestina; presidente reitera apoio a direito de defesa de Israel
Democrata indica ainda Richard Holbrooke como emissário para Paquistão e Afeganistão; política de enviados repete Clinton
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O presidente Barack Obama
se moveu ontem para lançar o
propagado novo esforço diplomático dos EUA, anunciando
enviados especiais para dois
dos pontos de conflito no planeta que envolvem interesses
americanos. Obama e a nova
secretária de Estado, Hillary
Clinton, oficializaram George
Mitchell como emissário americano para o Oriente Médio e
Richard Holbrooke como representante especial para o Paquistão e o Afeganistão.
A nomeação dos enviados
traz ecos das políticas do governo do marido de Hillary, Bill
Clinton (1993-2001), que se
apoiou em vários enviados diplomáticos. A ideia foi abandonada por George W. Bush, que
preferiu deixar o fardo sobre
seus secretários de Estado.
No discurso de ontem no Departamento de Estado, Obama
foi cauteloso sobre a situação
no Oriente Médio: reiterou seu
compromisso com a criação do
Estado palestino enquanto defendeu Israel em relação à recente ofensiva contra o grupo
islâmico Hamas em Gaza. "Deixe-me ser claro: os EUA estão
comprometidos com a segurança de Israel e concordamos
com seu direito de se defender", afirmou.
A fala ofereceu pouco vislumbre de mudança na política
americana para a região, ao menos no curto prazo. Obama
mencionou como interlocutor
para Gaza o governo desgastado do presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud
Abbas, cuja presença e controle
estão limitados à Cisjordânia.
Os sinais de continuidade do
isolamento do Hamas aumentaram quando Obama afirmou
que apoia a organização de conferência emergencial de doadores para enviar assistência humanitária a Gaza -mas que a
ajuda seria entregue à ANP.
Ele também manteve as exigências tradicionais para negociações com o Hamas -abandono à violência, reconhecimento da existência de Israel e
respeito a acordos passados- e
exigiu que o grupo pare de disparar foguetes contra Israel.
Ao mesmo tempo, deu um
passo à frente ao afirmar que as
fronteiras de Gaza devem ser
abertas para a entrada de ajuda
e comércio. Mas acrescentou
que haverá "esforço especial
para evitar que o Hamas volte a
se armar contrabandeando armas pelas fronteiras".
A posição foi reforçada por
Hillary, que, no primeiro dia no
posto, fez seus primeiros telefonemas para Abbas e o premiê
israelense, Ehud Olmert.
Hillary e Obama disseram
que Mitchell será enviado ao
Oriente Médio o mais rápido
possível e terá "poder total na
mesa de negociações". Mitchell, que foi líder democrata
no Senado, é conhecido por ter
ajudado a fechar o acordo de
paz na Irlanda do Norte. É considerado por analistas moderado e menos pró-Israel do que a
maioria de seus antecessores.
Desafio asiático
Sobre a tarefa de seu segundo
emissário, Richard Holbrooke,
Obama prometeu uma estratégia "completa" para combater a
insurgência do grupo fundamentalista Taleban no Afeganistão, que disse ter "firmado
raízes profundas" no país. Ele
prometeu uma grande revisão
da política para a guerra afegã
-desde a campanha ele diz que
tornará o Afeganistão, onde os
EUA têm hoje 35 mil soldados,
carro-chefe da guerra ao terror.
Holbrooke é um diplomata
com décadas de experiência e
foi embaixador na ONU sob
Clinton. É credenciado por sua
participação no Acordo de Dayton, que encerrou a guerra na
Bósnia (1992-1995). Mas seu
papel foi controverso: é acusado de ter feito um acordo com
um ex-líder sérvio responsável
por massacres, retirando a denúncia contra ele sob a condição de que desaparecesse da vida pública. Holbrooke diz que a
acusação é "absurda".
O novo enviado procurou
mostrar sensibilidade ao tratar
do Paquistão e do Afeganistão
-"dois países muito diferentes,
mas interligados pelo drama
recente". Acredita-se que Osama bin Laden e outros membros da rede terrorista Al Qaeda estejam escondidos em
montanhas paquistanesas próximas à fronteira afegã.
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