São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Após fim dos bombardeios, palestinos voltam a usar túneis para contrabando

DA REDAÇÃO

Quatro dias depois de Israel cessar os intensos bombardeios na fronteira entre a faixa de Gaza e o Egito, contrabandistas voltaram a operar túneis na região, para burlar o bloqueio ao território palestino controlado pelo Hamas.
Repórteres que tiveram acesso aos dutos na cidade de Rafah narraram o transporte clandestino de alimentos, combustíveis e outros bens. Segundo esses relatos, o Hamas e outros grupos islâmicos têm sua própria rede subterrânea. Como a imprensa não teve acesso a ela, é incerto se voltou a ser usada.
Contudo, a constatação de que as passagens empregadas para transporte de produtos civis continuam operacionais ilustra a dificuldade de Israel em atingir um dos objetivos de sua ofensiva na faixa de Gaza: impedir o Hamas de transportar armas pela porosa fronteira entre o território e o Egito.
Os militares afirmaram ter destruído entre 60% e 70% dos túneis antes de Israel declarar o cessar-fogo. Mas contrabandistas de Rafah relataram que a destruição deve ser ainda mais alta. E dizem que a dificuldade de abastecimento multiplicou por dez os preços dos itens contrabandeados.
"Eu diria que apenas 1 a cada 10 túneis está intacto", disse Abu Rahman, "gerente de túnel". Ele ontem comandava dez pessoas que, com pás, trabalhavam para que a sua via, danificada por Israel, volte a funcionar nos próximos dias.
Rahman e seus colegas estimam que havia cerca de mil passagens subterrâneas clandestinas antes da ofensiva, a maioria cavada após Israel articular um bloqueio isolando a faixa de Gaza do mundo, em junho de 2007.
Ontem, a chanceler Tzipi Livni voltou a tratar dos túneis. "Se precisarmos de operações militares adicionais para combater o contrabando, será feito. Israel se reserva o direito de agir contra o contrabando e ponto final", afirmou ela.
A ONU também se manifestou sobre a ofensiva. John Holmes, chefe do setor humanitário da entidade, esteve na Cidade de Gaza, onde sugeriu ontem pedir ressarcimento a Israel pelos bens das Nações Unidas danificados e qualificou como "extremamente chocante" o número de baixas palestinas.
Fontes médicas de Gaza atualizaram ontem o saldo de vítimas da guerra: 1.330 mortos (sendo 437 menores de 16 anos, 110 mulheres adultas e 123 idosos) e 5.450 feridos.
Já o Hamas anunciou que a partir de domingo repassará até 4.000 a famílias com residência atingidas por Israel. Segundo seu porta-voz, o grupo tem orçamento de 28,6 milhões (cerca de R$ 86,3 milhões) com tal finalidade.

Com agências internacionais


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