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Irã ampliou programa nuclear, diz AIEA
Relatório da agência de energia atômica confirma que Teerã ignorou prazo da ONU e aumentou enriquecimento de urânio
EUA defendem aplicação de novas sanções, mas eficácia da iniciativa é questionada pela Rússia; Irã diz que prazo da ONU carece de base legal
DA REDAÇÃO
O Irã ignorou o prazo de 60
dias dado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para que suspendesse seu programa de enriquecimento de urânio, apesar das sanções aprovadas pelo órgão em dezembro
para forçar o país a suspender
seu programa nuclear.
A conclusão, já esperada, está
no relatório divulgado pela
Agência Internacional de Energia Nuclear da ONU (AIEA) ontem, um dia após o vencimento
do prazo. De acordo com a
agência, em vez de suspender o
seu programa de enriquecimento de urânio o Irã decidiu
ampliá-lo, com a instalação de
duas novas redes de 164 centrífugas na planta subterrânea de
Natanz (ao norte de Teerã).
A recusa do Irã em cumprir o
prazo da ONU pode levar à aplicação de mais sanções contra o
país. O governo dos Estados
Unidos, que intensificou sua
retórica contra Teerã nas últimas semanas, acusando o regime islâmico de apoiar os insurgentes xiitas no Iraque, classificou o descumprimento de
"uma oportunidade perdida".
Tom Casey, porta-voz do Departamento de Estado americano, disse que o conselho de
Segurança deve agora considerar a aplicação de novas sanções, além das que visaram o
programa nuclear do Irã e seus
mísseis, em dezembro.
Outras fontes do governo
americano disseram a agências
de notícias que Washington estudará formas unilaterais de
pressionar Teerã caso os membros do Conselho não aprovem
novas sanções.
Transparência
O relatório de seis páginas da
AIEA, assinado pelo chefe da
agência, o egípcio Mohamed el
Baradei, afirma que "o Irã não
suspendeu as atividades relacionadas ao enriquecimento de
urânio" e não permitiu o escrutínio necessário para determinar se seu programa nuclear
tem fins pacíficos.
"O Irã não permitiu nenhuma das medidas de transparência exigidas, que são essenciais
para o esclarecimento de certos
aspectos da dimensão e natureza de seu programa nuclear",
diz o relatório, segundo o qual o
Irã ampliou seu programa de
enriquecimento de urânio, que
passou do "nível de pesquisa"
para o de "escala industrial".
Duas redes, de 164 centrífugas cada uma, foram instaladas
na planta de Natanz, afirma o
relatório, e duas outras estão
próximas de serem concluídas.
O documento prevê que
3.000 centrífugas serão instaladas no Irã nos próximos meses. A agência internacional reporta ainda que o Irã está construindo um reator de água pesada, em mais um desafio às
exigências da ONU.
Ao ignorar o prazo da ONU,
Teerã reafirma seu repúdio à
proposta feita no ano passado
por seis potências, que consistia na oferta de cooperação econômica em troca da suspensão
de seu programa de enriquecimento de urânio.
Teerã afirma que seu objetivo é a produção de energia, mas
os EUA e outros países suspeitam que o projeto se destina a
fabricar armas atômicas.
A reação iraniana ao novo relatório da AIEA foi, mais uma
vez, de desafio. Mohammad
Saeedi, número dois da Organização de Energia Atômica do
Irã, disse que o país continuará
a ignorar a determinação da
ONU para que congele suas atividades nucleares porque ela
"carece de base legal".
Diplomatas de EUA, Reino
Unido e França indicaram ontem que seus governos farão esforços para que sejam aplicadas
sanções adicionais, incluindo a
proibição a viagens de autoridades iranianas e restrições financeiras, como o congelamento de bens no exterior.
Mas o endurecimento deve
esbarrar na posição dos outros
dois membros do Conselho de
Segurança, Rússia e China, que
têm laços políticos e comerciais
com Teerã. Ontem, o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, mostrou-se contrário à
aprovação de novas sanções e
defendeu "uma solução política" para o impasse.
Com agências internacionais
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