|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No 1º artigo pós-renúncia, Fidel ataca críticas dos EUA e da UE
DA REDAÇÃO
Em seu primeiro artigo após
a renúncia a cargos no Executivo de Cuba, o ditador Fidel Castro afirmou ontem que é preciso, sim, promover mudanças
-mas não na ilha. "Concordo,
mudança! mas nos Estados
Unidos. Cuba mudou há pouco
tempo (...)", afirmou, em alusão
à revolução de 1959. E completou: "Não regressar jamais ao
passado!"
O texto no jornal estatal
"Granma" foi uma resposta às
críticas dos EUA e da União Européia, que aproveitaram sua
renúncia para defender uma
abertura democrática na ilha.
Fidel diz que não planejava escrever por dez dias, mas foi preciso "abrir fogo ideológico".
O líder falou diretamente aos
pré-candidatos à Casa Branca.
O mais duro quanto às relações
EUA-Cuba, o republicano John
McCain, chegou a dizer ontem
que torce pela morte de Fidel:
"Espero que ele tenha a oportunidade de se encontrar com
Karl Marx logo".
Já os democratas Hillary
Clinton e Barack Obama adotaram tom mais conciliatório.
Obama se mostrou o mais aberto a um diálogo, afirmando que
se encontraria com Raúl Castro
(líder interino) sem precondições. Já Hillary quer de Cuba
demonstrações de mudança
concreta antes de uma reunião.
Para Fidel, a posição dos pré-candidatos é vergonhosa. "Se
viram obrigados, um a um, a
proclamar suas imediatas exigências a Cuba, para não se arriscarem a perder nem um único eleitor." E não deixou de fora
das críticas o presidente George W. Bush. Segundo Fidel, o
que querem seus adversário
quando pedem mudança é, na
realidade, "anexação".
O líder cubano também desferiu ataques à União Européia.
Contra as afirmações dos países do bloco sobre a necessidade de democracia em Cuba, ele
diz que "o colonialismo e o neocolonialismo (...) os desqualifica moralmente" para exigi-lo.
Fidel faz ainda referências a
um "ilustre personagem espanhol, antigo ministro da Cultura e impecável socialista, hoje
porta-voz das armas e da guerra, a falta de razão pura".
"Kosovo os golpeia neste instante como impertinente pesadelo", acrescenta. A referência
parece ser a Javier Solana, chefe da diplomacia da UE e antigo
membro do Partido Socialista
Operário Espanhol (PSOE). A
Espanha não apóia a independência de Kosovo, mas como
um dos porta-vozes da UE, Solana defende a missão do bloco
de apoio à ex-Província.
Transição
Fidel ainda explica a dimensão de sua renúncia no artigo.
"Não são a mesma coisa o fim
de uma etapa e o início do fim
de um sistema insustentável."
O líder da revolução também
afirma que não se arrepende da
decisão. "Os dias de tensão, esperando a chegada do 24 de fevereiro [domingo, quando a nova Assembléia Nacional apontará seu sucessor], haviam me
deixado exausto."
A conquista da tranqüilidade
pode indicar no texto o momento em que se decidiu o nome do próximo chefe de Estado
-ainda um segredo. Os mais
cotados são Raúl Castro, presidente interino, Carlos Lage, vice-presidente, Ricardo Alarcón, que lidera o Parlamento.
O artigo no "Granma" trocou
o título habitual de "Reflexões
do Comandante" por "Reflexões do Companheiro Fidel".
NA INTERNET -Leia a íntegra do
artigo de Fidel na Folha Online www.folha.com.br/080535
Texto Anterior: Governo inaugura estátua de João Paulo 2º Próximo Texto: Lula quer criar Grupo de Amigos de Cuba Índice
|