São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

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Pacote de Obama provoca racha de governadores

Apesar de risco de déficit estadual, líderes conservadores prometem rejeitar verba federal; Flórida e Califórnia apoiam

De olho nas próximas eleições, Bobby Jindal (Louisiana) aposta em soluções "conservadoras" para atrair os eleitores

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Enquanto cresce o número de Estados com as contas no vermelho, o pacote de estímulo econômico aprovado pelo Congresso democrata nos EUA levou a um racha entre governadores republicanos. Parte deles traiu a bancada e se coloca ao lado do presidente Barack Obama, mas outros afirmam que recusarão o máximo possível da ajuda federal.
Obama foi forçado a lidar com a disputa política no partido na noite de ontem, quando ofereceu o jantar anual dos governadores na Casa Branca. Horas antes, a rixa havia sido escancarada na TV.
Entre os pró-pacote, o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, defendeu o estímulo de US$ 787 bilhões e disse que Obama precisa de "jogadores de equipe". Seu Estado acaba de fazer cortes brutais e aumentos de impostos para lidar com um déficit de US$ 41 bilhões.
O governador da Flórida, Charlie Crist, disse na NBC que os republicanos "devem dar uma chance a Obama", pois ele "está no caminho certo".
Já governadores anti-pacote, principalmente conservadores do sul do país, dizem que as falhas do plano são maiores do que seus benefícios. O governador Bobby Jindal, da Louisiana, disse que é contra o gasto de dinheiro federal porque isso exige alterações permanentes nas leis do Estado. "Tenho uma discordância com os fundamentos deste pacote", disse à NBC.
Jindal, que é considerado um nome republicano em ascensão, afirmou que usará uma provisão do estímulo para aumentar o seguro-desemprego em US$ 25 por semana. Mas não aceitará fundos para expandir o número de pessoas elegíveis ao seguro porque isso causaria aumento nos impostos a empregadores.
O governador do Mississippi, Haley Barbour, concordou. "Algumas coisas não vamos aceitar", disse à CNN. "Queremos mais empregos. Não vamos alcançar isso ao aumentar impostos sobre a criação de empregos." No sábado, Barbour afirmara que o pacote é "cheio de políticas sociais e custa muito caro. Poderíamos criar os mesmos empregos com metade do gasto."

Questão política
Por trás dessa divisão, o que o partido enfrenta é uma disputa mais profunda, sobre a abordagem política correta para um partido minoritário em meio à crise. O pacote de estímulo foi aprovado na Câmara sem nenhum voto republicano e com apenas três votos no Senado.
Crist chegou a dizer que "pode ser um erro" para os republicanos se definirem agora pela oposição ao estímulo. "Não é uma questão de dar as costas ao partido. É questão de ajudar as pessoas. Realmente vejo [o pacote] como sendo sobre o que eu posso fazer pela Flórida."
"Você tem de ir além dos princípios. Tem de dizer, "o que é melhor para o país agora?'", completou Schwarzenegger. "O pacote é ótimo."
Mas os contrários ao plano claramente veem na situação uma estratégia política. Para os que têm aspirações presidenciais, como acredita-se ser o caso de Jindal, a crítica é uma maneira de ganhar liderança entre a oposição.
Jindal afirmou que os líderes republicanos precisam "oferecer soluções conservadoras", com menos gastos federais e mais cortes de impostos, para a crise imobiliária e dos bancos. E argumentou que republicanos atrairão apoio nas próximas eleições se agirem assim.
"Não acho que vamos expandir [o apoio] se nos tornarmos uma imitação do outro partido. Vamos expandi-lo se formos fiéis aos princípios em que acreditamos. Acho que isso atrai eleitores."


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