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Pacote de Obama provoca racha de governadores
Apesar de risco de déficit estadual, líderes conservadores prometem rejeitar verba federal; Flórida e Califórnia apoiam
De olho nas próximas eleições, Bobby Jindal (Louisiana) aposta em soluções "conservadoras" para atrair os eleitores
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Enquanto cresce o número
de Estados com as contas no
vermelho, o pacote de estímulo
econômico aprovado pelo Congresso democrata nos EUA levou a um racha entre governadores republicanos. Parte deles
traiu a bancada e se coloca ao
lado do presidente Barack Obama, mas outros afirmam que
recusarão o máximo possível
da ajuda federal.
Obama foi forçado a lidar
com a disputa política no partido na noite de ontem, quando
ofereceu o jantar anual dos governadores na Casa Branca.
Horas antes, a rixa havia sido
escancarada na TV.
Entre os pró-pacote, o governador da Califórnia, Arnold
Schwarzenegger, defendeu o
estímulo de US$ 787 bilhões e
disse que Obama precisa de "jogadores de equipe". Seu Estado
acaba de fazer cortes brutais e
aumentos de impostos para lidar com um déficit de US$ 41
bilhões.
O governador da Flórida,
Charlie Crist, disse na NBC que
os republicanos "devem dar
uma chance a Obama", pois ele
"está no caminho certo".
Já governadores anti-pacote,
principalmente conservadores
do sul do país, dizem que as falhas do plano são maiores do
que seus benefícios. O governador Bobby Jindal, da Louisiana,
disse que é contra o gasto de dinheiro federal porque isso exige alterações permanentes nas
leis do Estado. "Tenho uma discordância com os fundamentos
deste pacote", disse à NBC.
Jindal, que é considerado um
nome republicano em ascensão, afirmou que usará uma
provisão do estímulo para aumentar o seguro-desemprego
em US$ 25 por semana. Mas
não aceitará fundos para expandir o número de pessoas
elegíveis ao seguro porque isso
causaria aumento nos impostos a empregadores.
O governador do Mississippi,
Haley Barbour, concordou.
"Algumas coisas não vamos
aceitar", disse à CNN. "Queremos mais empregos. Não vamos alcançar isso ao aumentar
impostos sobre a criação de
empregos." No sábado, Barbour afirmara que o pacote é
"cheio de políticas sociais e custa muito caro. Poderíamos criar
os mesmos empregos com metade do gasto."
Questão política
Por trás dessa divisão, o que o
partido enfrenta é uma disputa
mais profunda, sobre a abordagem política correta para um
partido minoritário em meio à
crise. O pacote de estímulo foi
aprovado na Câmara sem nenhum voto republicano e com
apenas três votos no Senado.
Crist chegou a dizer que "pode ser um erro" para os republicanos se definirem agora pela
oposição ao estímulo. "Não é
uma questão de dar as costas ao
partido. É questão de ajudar as
pessoas. Realmente vejo [o pacote] como sendo sobre o que
eu posso fazer pela Flórida."
"Você tem de ir além dos
princípios. Tem de dizer, "o que
é melhor para o país agora?'",
completou Schwarzenegger.
"O pacote é ótimo."
Mas os contrários ao plano
claramente veem na situação
uma estratégia política. Para os
que têm aspirações presidenciais, como acredita-se ser o caso de Jindal, a crítica é uma maneira de ganhar liderança entre
a oposição.
Jindal afirmou que os líderes
republicanos precisam "oferecer soluções conservadoras",
com menos gastos federais e
mais cortes de impostos, para a
crise imobiliária e dos bancos.
E argumentou que republicanos atrairão apoio nas próximas eleições se agirem assim.
"Não acho que vamos expandir [o apoio] se nos tornarmos
uma imitação do outro partido.
Vamos expandi-lo se formos
fiéis aos princípios em que
acreditamos. Acho que isso
atrai eleitores."
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