São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hillary termina visita sem críticas duras à China

Diplomatas chineses avaliam que presença de secretária levou país a "outro patamar" aos olhos americanos e que não haverá mais "reprimendas"

"China Daily"/Reuters
Hillary Clinton lê jornal do governo chinês antes de participar de bate-papo com internautas

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, encerrou ontem sua visita de 42 horas à China atendendo a um culto em um templo protestante, reunindo-se com representantes da sociedade civil chinesa e participando de um bate-papo online com internautas chineses.
Em vez de visitar um dos milhares de templos cristãos clandestinos e perseguidos de Pequim, ela foi a uma igreja autorizada e dirigida pelo governo, no bairro universitário de Haidian - assim como o ex-presidente George Bush fez em agosto, durante a Olimpíada de Pequim.
Em sua reunião na embaixada, nenhum dissidente político. O chat na internet foi realizado na sede do jornal "China Daily", principal publicação em inglês do governo chinês.
Com exceção da ênfase em cooperação ambiental e na discussão do aquecimento global, a visita de Hillary à China não foi muito diferente das feitas por seus antecessores republicanos.
Ela só falou de direitos humanos, mas sem criticar os anfitriões, quando questionada pelos poucos jornalistas autorizados pelo governo chinês a cobrir a visita. Hillary repetiu várias vezes que busca "mais colaboração e aprofundar as relações com a China".
Diplomatas chineses ouvidos pela Folha comemoraram a visita, dizendo que ela significa que a China já atingiu "outro patamar" aos olhos americanos e que não levará mais "reprimendas" em temas como os direitos humanos.
Na reunião organizada pela embaixada, 22 feministas chinesas conversaram com Hillary sobre os direitos da mulher na China.
A conversa foi descontraída e muitas lamentaram que ela não tivesse se tornado presidente dos EUA. Hillary gargalhou, satisfeita.
Uma das convidadas reclamou da mínima representação feminina nas altas estruturas do governo chinês e do Partido Comunista. "Todo governo precisa de mais mulheres", respondeu Hillary.
Dez mulheres que não foram convidadas ao evento organizaram um pequeno protesto com cartazes em inglês relembrando o discurso de Hillary quando esteve na capital chinesa em 1995.
Ela era então primeira-dama americana e participava de uma conferência internacional sobre a mulher. Falou da importância dos direitos humanos e disse que não era justo que pessoas fossem presas apenas por apresentar pacificamente suas opiniões.
As manifestantes erraram de endereço - o protesto foi na sede da antiga embaixada americana, fechada no ano passado. Hillary estava na nova, a muitos quilômetros dali. O protesto durou dez minutos - todas foram levadas para delegacia pela polícia chinesa para prestar esclarecimentos.


Texto Anterior: Reino Unido endurece regras de imigração
Próximo Texto: Títulos: Americana pede investimento no tesouro dos EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.