São Paulo, terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

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Operação aérea da Otan mata ao menos 21 civis no Afeganistão

Erro pode prejudicar tentativa de obter apoio da população contra o Taleban

DA REDAÇÃO

Uma ação da Otan (aliança militar ocidental) no centro do Afeganistão resultou na morte de ao menos 21 civis ontem, em novo revés para a estratégia do governo dos EUA de conquistar apoio da população afegã à guerra contra o Taleban.
O bombardeio de ontem não teve relação com a ofensiva da Otan e do Exército afegão em curso atualmente em Marjah (sul), bastião dos insurgentes e importante foco de produção de drogas. Mas, desde o início da ofensiva, há 11 dias, já houve outras duas ações da Otan que acidentalmente mataram 19 civis. A aliança alega que, num dos casos, o Taleban usou a população como escudo humano.
A Otan informou que, na ação malsucedida de ontem, seus aviões abriram fogo contra um comboio que acreditavam ser de insurgentes, na fronteira entre as Províncias de Uruzgan e Day Kundi, matando 21 pessoas -mas logo descobriu-se que, entre os mortos, havia mulheres e ao menos uma criança.
O episódio -o mais letal envolvendo civis afegãos desde setembro de 2009, quando um ataque de tropas alemãs matou até 142 pessoas- será investigado, diz a aliança. O general Stanley McChrystal, americano que comanda as forças aliadas no Afeganistão, pediu desculpas ao governo afegão, que por sua vez qualificou as mortes de "injustificáveis".
"Deixei claro a nossas forças que elas estão aqui para proteger o povo afegão e que matar civis inadvertidamente mina a confiança na missão", disse McChrystal em comunicado.
Já o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, lamentou o caso, mas disse que fatalidades civis são "inerentes à guerra".
No ano passado, 2.412 civis afegãos morreram na guerra, número mais alto desde o início do confronto, em 2001, segundo um relatório da ONU. A Otan diz que está sendo cuidadosa para não colocar civis em risco em Marjah, reduzindo ataques aéreos e restringindo os combates, na tentativa de conquistar a lealdade da população contra os insurgentes.
Ainda ontem, a aliança disse ter matado 14 radicais, em duas ofensivas no leste afegão. Na região, um ataque suicida matou 15 pessoas, incluindo um líder tribal que falhara em capturar Osama bin Laden em 2001.


Com agências internacionais



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