São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2004 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ORIENTE MÉDIO Casa Branca se diz "profundamente preocupada" com situação; europeus falam em violação às leis internacionais EUA não condenam ação, Europa ataca Israel
DA REDAÇÃO Os EUA e a Europa reagiram diferentemente ao assassinato do xeque Ahmed Yassin, o líder espiritual do grupo terrorista palestino Hamas. Enquanto os europeus condenaram veementemente a ação, classificando-a de "contrária às leis internacionais", os americanos mantiveram sua posição tradicional, dizendo estarem "profundamente preocupados" com o caso, mas salientando que Israel tem "direito à autodefesa". O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, também condenou a morte de Yassin, dizendo que ela "não contribuirá para a busca de um acordo de paz e que constitui uma violação às leis internacionais". Os palestinos já pediram a Annan que o Conselho de Segurança da ONU condene a ação israelense, o que não depende dele. Os EUA costumam vetar resoluções contra Israel no órgão. O assassinato de Yassin fez com que a ONU, os EUA, a Rússia e a União Européia -o chamado "Quarteto", que apresentou plano de paz para a região- convocassem uma reunião, no Cairo (Egito), para discutir a questão. "Israel tem o direito de defender-se de grupos terroristas", afirmou Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca. Declarações do gênero feitas no passado foram interpretadas como uma luz verde para o governo de Israel. Mas, longe das câmeras, ele afirmou: "Estamos profundamente preocupados com as ações ocorridas em Gaza". Houve, portanto, uma ligeira mudança de tom por parte da Casa Branca, que evita criticar Israel abertamente. Mais cedo, a assessora de Segurança Nacional dos EUA, Condoleezza Rice, dissera que Yassin estivera "pessoalmente envolvido com o terrorismo". Mas o Departamento de Estado disse que a morte de Yassin fazia "aumentar a tensão" no Oriente Médio. Num comunicado conjunto, os chanceleres da UE disseram "condenar o assassinato extrajudicial" de Yassin e de outros palestinos. "Além de serem contrários à lei internacional, assassinatos extrajudiciais minam o conceito de Estado de Direito, que é um elemento-chave do combate ao terrorismo", disse a UE. Jack Straw, chanceler do Reino Unido, classificou a morte de Yassin de "inaceitável e injustificável". Um porta-voz do premiê Tony Blair disse que a ação israelense era um "obstáculo para a paz". Embora seja o maior aliado dos EUA na questão iraquiana, o Reino Unido mantém certa independência no que se refere ao conflito israelo-palestino. Os europeus ligam a instabilidade no Oriente Médio ao terrorismo internacional e temem que ações como a de ontem provoquem um aumento da violência na região e, sobretudo, um agravamento do terrorismo global. Ontem as Brigadas Abu Hafs al Masri (que reivindicaram os atentados de Madri), supostamente ligadas à rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, prometeram vingar-se dos EUA e de seus aliados por conta da morte de Yassin, segundo um site islâmico. Brasília também condenou o assassinato. Segundo o Itamaraty, "o Brasil deplora as ações e reações retaliatórias dos últimos tempos, que opõem israelenses a palestinos, e exorta as partes em conflito à moderação e à retomada das negociações". Com agências internacionais Texto Anterior: 200 mil palestinos vão ao funeral em meio a clamores por vingança Próximo Texto: Saiba mais: Analistas debatem legalidade do ataque Índice |
|