DONALD MACINTYRE
DO "INDEPENDENT", EM GAZA

O xeque Ahmed Yassin nasceu em Joret Askalan, um povoado situado perto de Ashkelon, numa região que faz parte do território israelense desde 1948, quando sua família se refugiou em Gaza. Como Iasser Arafat, ele perdeu um de seus pais no início da infância: seu pai morreu quando ele tinha 5 anos. Sua família de sete pessoas era pobre, e Yassin tinha o hábito de visitar campos militares egípcios em busca de restos de comida para sua família.
Danificou sua espinha dorsal numa praia em Gaza, em 1952, quando tinha 16 anos. Ficou paralisado do pescoço para baixo, cego em um olho e, com o passar do tempo, cada vez mais surdo. Desde cedo, desprezando o fato de outros regimes árabes não terem conseguido ajudar os palestinos, acreditou que só os próprios palestinos poderiam ajudar-se.
Foi na Universidade Al Azhar, no Cairo, que Yassin entrou para o grupo extremista islâmico Irmandade Muçulmana. Durante cerca de 20 anos, como professor de religião e de árabe, pregou regularmente nas mesquitas de Gaza, defendendo a posição de que a adesão estrita ao islã era pré-requisito essencial para que os palestinos pudessem retomar suas terras.
Após fundar o Hamas, em 1987, Yassin declarou: "Não vamos nos dobrar diante das pressões. A resistência continuará até que a ocupação seja destruída". Descrito como líder espiritual do Hamas, Yassin participou diretamente da criação de sua ala militar, responsável por ataques terroristas. Em 1989, foi preso por Israel, sentenciado à prisão perpétua. Foi solto em 1997, no governo de Binyamin Netanyahu, em troca de dois agentes do Mossad que tinham tentado matar um líder do Hamas na Jordânia.
Retornou a Gaza, onde injetou novo ânimo no Hamas. Foi posto em prisão domiciliar várias vezes pela Autoridade Nacional Palestina. Não há dúvida alguma de que, para alguns habitantes de Gaza, ele representava uma figura mais atraente, mais radical e menos corrupta do que o líder histórico Iasser Arafat.


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