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Candidato pró-China é eleito em Taiwan
Ma Ying-jeou recebeu 58,4% dos votos por não desejar confronto com Pequim e pregar o reforço de laços econômicos
Governista Hsie, derrotado,
alertou que Pequim faria na
ilha o mesmo que no Tibete,
mas eleitores optaram por
melhor relação com a China
DA REDAÇÃO
Taiwan elegeu ontem o primeiro presidente que fez campanha em favor de relações
econômicas mais estreitas com
a China, abrindo caminho para
a diminuição das tensões num
dos mais antigos pontos de litígio da Ásia.
Ma Ying-jeou, 57, advogado
formado em Harvard e ex-prefeito de Taipé, concorreu pelo
oposicionista Partido Nacionalista (o antigo Kuomitang) e
derrotou por 58,45% a 41,55%,
já encerradas as apurações, o
candidato da atual situação,
Frank Hsie, do Partido Democrático Progressista.
Já eleito, Ma afirmou que só
assinaria um acordo de paz
com a China -algo que Pequim
ofereceu com condições- se
ela parasse de mirar mísseis
contra Taiwan. "As relações
com a China estão estagnadas,
então precisamos priorizar as
coisas. Primeiro será a normalização das relações econômicas, depois o acordo de paz."
Pequim considera Taiwan
uma Província rebelde. Em
1949, após a vitória do comunismo na China, nacionalistas
fugiram para Taiwan e passaram a governá-la.
Hsie, que insistiu na reta final da campanha no perigo representado por Pequim e na repressão chinesa no Tibete, disse que perder a eleição era uma
derrota sua. "Sinto muito. Essa
não é uma derrota de Taiwan,
então não precisam ficar tristes", disse a simpatizantes.
Eleitores afirmaram que votaram em Ma porque o estreitamento das relações econômicas com a China é uma via de
acesso ao rápido crescimento
econômico que prevaleceu até
a década passada. "Se não entrarmos no mercado chinês,
permaneceremos fechados em
nosso próprio país", afirmou
Jason Lin, 41.
As autoridades de Pequim
mantêm hoje relações amistosas com o Kuomitang, convidando para freqüentes visitas
dirigentes como Lien Chan,
candidato derrotado nas presidenciais de 2004 e que defendia a reunificação política.
Ma foi mais cauteloso. Ele esteve em manifestações em homenagem aos mortos da praça
Tienanmen (Pequim, 1989),
mas nunca defendeu a reunificação. No entanto se disse favorável a vôos regulares com Xangai e Pequim e ao fim das limitações para que empresas possam investir na China.
Porta-vozes do regime chinês não fizeram comentários
sobre os resultados da eleição,
mas não eram segredo suas
preferências.
O cientista político Yen
Chen-Shen afirma que "a China tem uma relação de amor e
ódio com Ma". Conta que, ao visitar a China, seus interlocutores foram cáusticos contra o
presidente eleito. Mas pediram
para que ele votasse em Ma.
O governo americano se
mostrava frustrado com o atual
presidente, Chen Shui-bian,
por sua relutância em manter
as tensões com a China elevadas. Mas tampouco via com
bons olhos os nacionalistas, cujos deputados rejeitaram a
compra de armamentos oferecidos por Washington em 2001.
Cheng Tapchen, um dos assessores de Ma, disse que os nacionalistas não receberam informações suficientes do atual
presidente para compreender e
aprovar as compras de armas.
O presidente George W.
Bush disse, em nota: "A eleição
dá a oportunidade, para os dois
lados, de resolver suas diferenças pacificamente". O Reino
Unido, Japão e Cingapura também cumprimentaram Ma.
Ao ser empossado, no próximo dia 20, Ma terá mais liberdade para impor suas políticas.
Seu partido e mais duas pequenas siglas a ele associadas elegeram três quartos dos deputados nas legislativas de janeiro.
ONU
Em votação paralela, os governistas não conseguiram
vencer em plebiscito a proposta para que Taiwan ingressasse
nas Nações Unidas -a cadeira
chinesa pertence a Pequim. A
proposta obteve só 36%, diante
do apelo dos nacionalistas em
favor da abstenção.
A China se opõe ao ingresso
de Taiwan na ONU.
Com "The New York Times" e Reuters
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