São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2010

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Google anuncia o fim dos serviços de busca em seu site na China

Acessos de usuários no país são agora desviados a endereço sediado em Hong Kong, livre de censura

DA REDAÇÃO

Pouco mais de dois meses depois de desafiar abertamente a censura chinesa e confirmando relatos surgidos na última sexta, o Google anunciou ontem o fechamento do seu site de buscas na China e o direcionamento dos seus usuários ao endereço que a empresa mantém em Hong Kong -livre de censura.
A empresa americana afirmou que desde a manhã de ontem acessos a mecanismos de buscas do Google.cn (busca, notícias e imagens) são direcionados ao Google.com.hk -onde não são submetidos à censura devido à autonomia da ex-colônia do Reino Unido, devolvida à China há 13 anos.
O Google disse, no entanto, que pretende manter em atividade outras operações realizadas pela equipe de cerca de 600 pessoas que sua sede na China mantém, inclusive pesquisa e desenvolvimento.
A medida é o auge de uma crise iniciada no dia 12 de janeiro, quando a empresa americana disse ter descoberto que hackers chineses haviam tentado violar contas de ativistas de direitos humanos críticos ao regime em seu serviço de e-mail.
Embora não tenha feito uma acusação aberta à China no episódio, a empresa insinuou que o país poderia tê-lo reprimido.
O caso motivou o Google a ameaçar a interrupção do filtro de conteúdo que aceitou fazer ao entrar, em 2006, no maior mercado de internet do mundo, com 400 milhões de usuários e em rápido crescimento, e desatou uma crise entre a China e os EUA, que cobrou publicamente investigação do caso.
Um funcionário do governo chinês disse à agência oficial Xinhua que o Google "violou o compromisso assumido ao entrar na China". Para Pequim, a recente ofensiva do Google em desafio à legislação chinesa tem origem na perda de espaço para seu similar local, Baidu.com, líder no mercado local.
Para analistas, a saída encontrada pelo Google é justamente uma maneira de driblar a censura chinesa sem ter de abandonar o mercado local, o que poderia custar ao crescimento da empresa nos próximos anos -embora menos de 2.5% do faturamento global da empresa hoje venha da China.
A expectativa é saber se o governo da China manterá o Google.cn em funcionamento ou o bloqueará, como já ocorre com sites como Facebook, Twitter e Youtube -todos eles com equivalentes locais desenvolvidos à semelhança dos sites originais.
"Nós esperamos que o governo chinês respeite a nossa decisão, embora tenhamos a consciência de que a qualquer momento o acesso aos nossos serviços possa ser bloqueado", afirmou o Google, em nota assinada por seu diretor jurídico, David Drummond.
A Casa Branca se disse "decepcionada" pelo fracasso das negociações entre Pequim e a empresa.

Com agências internacionais e "New York Times"



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