São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011

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Brasil defende saída de Gaddafi pela 1ª vez

Em SP, chanceler Antonio Patriota afirma que "transição benigna", como a observada no Egito, é desejável na Líbia

Declaração foi feita um dia após o Itamaraty pedir fim dos ataques da aliança liderada pelos EUA em território líbio

GUSTAVO HENNEMANN
DE SÃO PAULO

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou ontem que o governo brasileiro espera uma "transição benigna na Líbia" e que a duração da crise política no país é "imprevisível".
Desde o início do conflito líbio, é a primeira vez que uma manifestação do Itamaraty aponta para a saída do ditador Muammar Gaddafi, no poder desde 1969.
A declaração de Patriota foi feita um dia após nota oficial em que o Brasil defendia "cessar-fogo" -inclusive do bombardeio que pode levar à queda do ditador.
"Esperamos que haja o mínimo de violência, o mínimo de derramamento de sangue e que se estabeleça processo político que leve a uma transição benigna", disse o chanceler durante aula inaugural na Faculdade de Relações Internacionais da USP.
Ele não citou Gaddafi nominalmente, mas se referiu ao Egito como exemplo. No mês passado, uma revolta popular derrubou o ditador Hosni Mubarak, havia 30 anos no poder.
"Observamos [a transição] no Egito e gostaríamos de observar nos outros países, inclusive na Líbia", completou o ministro, que também advertiu para o risco de a instabilidade resultar em fragmentação do território líbio.
Patriota justificou a abstenção do Brasil no CS (Conselho de Segurança) da ONU -que aprovou a ação militar no país- dizendo que intervenção armada estrangeira pode "mudar o sentimento popular e a dinâmica populacional", reduzindo o poder local das manifestações.
Segundo ele, o país se absteve porque se preocupa com a "mudança da narrativa nessas movimentações espontâneas que vêm ocorrendo no mundo árabe".
O chanceler entende que uma interferência pode ser lida como "uma conspiração ocidental ou como interferência por parte de Israel".
O ministro revelou que um enviado especial das Nações Unidas falou com partidários de Gaddafi e membros da oposição líbia nos últimos dias. Até amanhã, um relatório deve ser apresentado, o que permitirá avaliar a situação criada pela resolução do Conselho de Segurança.

DILMA
Em Manaus, a presidente Dilma Rousseff reiterou o pedido de cessar-fogo na Líbia.
"Nós somos a favor de uma solução pacífica lá e, diante de tudo que está acontecendo, é a decorrência normal do que é nossa posição."
Dilma comentou ainda que Barack Obama demonstrou "reconhecimento" ao Brasil durante a visita ao país, no fim de semana.

Com KÁTIA BRASIL, de Manaus


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