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RELIGIÃO
Ministro israelense anuncia visita, parte da comemoração dos 2.000 anos de nascimento de Cristo; Vaticano não confirma
Papa deve visitar Israel em março de 2000
das agências internacionais
O papa João Paulo 2º deve visitar
Israel e os territórios palestinos em
março de 2000. O anúncio foi feito
ontem pelo ministro israelense do
Turismo, Moshé Katsav.
Katsav participou de uma reunião com o cardeal Roger Etchegaray, responsável do Vaticano pelas
celebrações do ano 2000.
O cardeal afirmou que é muito
provável que o papa viaje no ano
2000 para a terra de nascimento de
Jesus Cristo. Segundo fontes israelenses, o único impedimento para
a viagem seria o delicado estado de
saúde de João Paulo 2º.
Na região a ser visitada há três cidades importantes para o cristianismo: Belém, onde nasceu Cristo
(hoje sob jurisdição palestina),
Nazaré, maior cidade árabe de Israel, onde Cristo cresceu, e Jerusalém, onde ele foi crucificado. O último papa a visitar Jerusalém foi
Paulo 6º, em 1964.
"Consideramos que o grande jubileu do ano 2000 é a celebração do
nascimento de Cristo e de toda a
sua vida nesta terra, e é mais do
que normal que o papa venha",
disse Etchegaray, em Jerusalém.
Katsav, por sua vez, afirmou que
o papa tem intenção, desejo e planos de visitar Israel, mas que cabe
ao Vaticano fazer o anúncio, em
momento oportuno.
O Vaticano afirmou ontem que a
visita ainda não está fixada.
Os planos para a visita do papa a
Israel têm enfrentado dificuldades
políticas por causa do status de Jerusalém e do impasse nas negociações de paz entre israelenses e palestinos.
Os palestinos reivindicam a parte oriental da cidade como a capital
de um Estado independente. Israel
considera Jerusalém sua capital
"eterna e indivisível".
Em fevereiro de 97, João Paulo 2º
se reuniu com o premiê de Israel,
Binyamin "Bibi" Netanyahu, que
convidou o líder da Igreja Católica
para visitar Jerusalém. O convite já
havia sido feito pelo primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin em
1994.
Em 96, o papa aceitou convite do
líder palestino, Iasser Arafat, para
visitar Belém.
O Vaticano e Israel ataram relações diplomáticas em 1994, encerrando quase 2.000 anos de hostilidade entre católicos e judeus.
Desde então, os dois têm trabalhado juntos para chegar a acordos
sobre o status legal da Igreja Católica e sua hierarquia clerical no Estado judeu.
João Paulo 2º quer garantias de
que Jerusalém seja declarada sagrada para cristãos, muçulmanos e
judeus.
No ano passado, o papa canonizou a religiosa alemã Edith Stein,
que nasceu judia, mas se converteu
ao catolicismo. Durante a solenidade, o pontífice anunciou que o
Shoah, o genocídio judeu, seria relembrado pela Igreja Católica todos os anos no dia 9 de agosto, dia
da morte da nova santa.
Naquela oportunidade, o papa
condenou o Holocausto e pediu
que "jamais se repita uma iniciativa criminosa similar para nenhum
grupo étnico, nenhum povo, nenhuma raça, em nenhum lugar da
Terra".
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