São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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RELIGIÃO
Ministro israelense anuncia visita, parte da comemoração dos 2.000 anos de nascimento de Cristo; Vaticano não confirma
Papa deve visitar Israel em março de 2000

das agências internacionais

O papa João Paulo 2º deve visitar Israel e os territórios palestinos em março de 2000. O anúncio foi feito ontem pelo ministro israelense do Turismo, Moshé Katsav.
Katsav participou de uma reunião com o cardeal Roger Etchegaray, responsável do Vaticano pelas celebrações do ano 2000.
O cardeal afirmou que é muito provável que o papa viaje no ano 2000 para a terra de nascimento de Jesus Cristo. Segundo fontes israelenses, o único impedimento para a viagem seria o delicado estado de saúde de João Paulo 2º.
Na região a ser visitada há três cidades importantes para o cristianismo: Belém, onde nasceu Cristo (hoje sob jurisdição palestina), Nazaré, maior cidade árabe de Israel, onde Cristo cresceu, e Jerusalém, onde ele foi crucificado. O último papa a visitar Jerusalém foi Paulo 6º, em 1964.
"Consideramos que o grande jubileu do ano 2000 é a celebração do nascimento de Cristo e de toda a sua vida nesta terra, e é mais do que normal que o papa venha", disse Etchegaray, em Jerusalém.
Katsav, por sua vez, afirmou que o papa tem intenção, desejo e planos de visitar Israel, mas que cabe ao Vaticano fazer o anúncio, em momento oportuno.
O Vaticano afirmou ontem que a visita ainda não está fixada.
Os planos para a visita do papa a Israel têm enfrentado dificuldades políticas por causa do status de Jerusalém e do impasse nas negociações de paz entre israelenses e palestinos.
Os palestinos reivindicam a parte oriental da cidade como a capital de um Estado independente. Israel considera Jerusalém sua capital "eterna e indivisível".
Em fevereiro de 97, João Paulo 2º se reuniu com o premiê de Israel, Binyamin "Bibi" Netanyahu, que convidou o líder da Igreja Católica para visitar Jerusalém. O convite já havia sido feito pelo primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin em 1994.
Em 96, o papa aceitou convite do líder palestino, Iasser Arafat, para visitar Belém.
O Vaticano e Israel ataram relações diplomáticas em 1994, encerrando quase 2.000 anos de hostilidade entre católicos e judeus.
Desde então, os dois têm trabalhado juntos para chegar a acordos sobre o status legal da Igreja Católica e sua hierarquia clerical no Estado judeu.
João Paulo 2º quer garantias de que Jerusalém seja declarada sagrada para cristãos, muçulmanos e judeus.
No ano passado, o papa canonizou a religiosa alemã Edith Stein, que nasceu judia, mas se converteu ao catolicismo. Durante a solenidade, o pontífice anunciou que o Shoah, o genocídio judeu, seria relembrado pela Igreja Católica todos os anos no dia 9 de agosto, dia da morte da nova santa.
Naquela oportunidade, o papa condenou o Holocausto e pediu que "jamais se repita uma iniciativa criminosa similar para nenhum grupo étnico, nenhum povo, nenhuma raça, em nenhum lugar da Terra".


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