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Obama não entendeu Raúl, diz Fidel; Hillary contesta
Secretária americana vê divergência entre irmãos Castro
DA REDAÇÃO
O ex-ditador de Cuba Fidel
Castro afirmou ontem que Barack Obama "sem dúvida interpretou mal" a declaração de seu
irmão e máximo dirigente da
ilha, Raúl, de que o regime está
disposto a discutir "tudo" -incluindo questões de direitos
humanos e presos políticos-
com a Casa Branca. Sugeriu que
os EUA, e não Cuba, têm de
mudar, numa aparente rejeição
tácita ao pedido de Obama por
um "gesto" de boa-fé do regime.
Em audiência com representantes (deputados) americanos, a secretária de Estado dos
EUA, Hillary Clinton, disse que
foi Fidel quem "contradisse"
Raúl e apontou o começo de um
debate em Cuba ante a suposta
divergência entre os irmãos.
Hillary previu ainda que o regime "está acabando". "Um dia
acabará, e teremos que estar
preparados", afirmou.
A secretária de Estado reedita a questão -negada por Fidel- de que há diferenças entre
ele e o irmão, tido como "pragmático". Mas críticos do regime
já haviam minimizado a proposta de discutir "tudo" do Castro mais novo.
No texto em que voltou a criticar os biocombustíveis, Fidel
rejeitou a proposta de Obama
de diminuir a taxação sobre as
remessas enviadas ao país -para ele, ferramenta de distribuição de renda na ilha.
Para analistas, se a Casa
Branca esperar reciprocidade
para seguir com o degelo com
Havana, a aproximação pode
voltar ao impasse. O Brasil
-que Hillary chamou ontem
de "âncora" da relação com a
região- repete que os EUA devem agir unilateralmente.
Crise e Chávez
Por outro lado, um diplomata
brasileiro familiarizado com o
regime afirma que Havana deve
resistir, mas que o governo
Raúl é "realista" e sabe que tem
de negociar em meio a uma crise econômica grave.
Empresas e diplomatas estrangeiros têm manifestado
nos bastidores temor de que a
ilha esteja à beira da insolvência. Em mais um indício de problemas, o Banco Central de Cuba restringiu o saque de moeda
estrangeira por empresas.
Na audiência, Hillary voltou
a ser questionada sobre os
cumprimentos trocados por
Obama e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, na Cúpula
das Américas. Ironizou a controvérsia dizendo que se "divertia" com ela, mas foi cobrada
por, na campanha, ter prometido distância de Chávez. "Eu sirvo ao país. Apoio o presidente."
Com agências internacionais
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