São Paulo, sábado, 23 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Papa vai à TV responder a dúvidas de fiéis

Em ação inédita, ele falou sobre tragédia no Japão, perseguição a cristãos e eutanásia

DA ASSOCIATED PRESS

Em uma iniciativa inédita, o papa Bento 16 dedicou uma parte da sua Sexta-Feira Santa a ir à TV oficial italiana responder a perguntas de fiéis e não fiéis de todo o mundo sobre temas que foram desde a tragédia no Japão até a eutanásia. As dúvidas foram selecionadas entre milhares enviadas pela internet.
A rara aparição do pontífice na TV foi transmitida poucas horas antes de ele comparecer a uma cerimônia na Basílica de São Pedro. Mais tarde, ele iria ao Coliseu, para a tradicional procissão da via-sacra.
Com vestes brancas, Bento 16 falou sentado à frente de uma escrivaninha, num tom suave, em italiano.
Sua primeira pergunta foi de uma menina japonesa que queria saber por que as crianças passavam por tantas tristezas. "Tenho a mesma dúvida. E não temos resposta para isso, mas sabemos que Jesus sofreu como você." O papa diz que "mesmo que continuemos tristes, Deus está ao seu lado".
Ele disse que a menina deveria repetir a si mesma: "um dia recordarei que esse sofrimento não foi em vão".
Depois, uma muçulmana pediu conselhos para o país em que vive, a Costa do Marfim, onde meses de impasse político levaram a confrontos mortíferos. Bento 16 disse a ela que o Vaticano estava fazendo o possível para ajudar. "O único caminho é renunciar à violência, e recomeçar pelo diálogo."
Outra pergunta veio de jovens de Bagdá, onde os cristãos são perseguidos. Bento 16 respondeu que ora diariamente pelos cristãos do Iraque e os instou a "serem pacientes".
Uma mulher cujo filho está em estado vegetativo desde 2009 queria saber se a alma dele havia deixado o corpo.
Bento 16 garantiu que a alma do filho "segue presente" e o comparou a um violão de cordas quebradas. "O instrumento do corpo é frágil, e a alma não pode tocar, porém continua presente."
O deputado Marco Beltrandi, do Partido Radical, reclamou por a TV estatal ter dado espaço ao papa quando o Legislativo do país debate uma lei que permitiria aos cidadãos decidir sobre o que lhes aconteceria caso caíssem em estado vegetativo.
Ele considerou a declaração do papa uma "interferência muito grave", mas ponderou que a TV deveria oferecer espaço a outras religiões e a vozes laicas.


Texto Anterior: Análise: Deposição de ditador sírio não interessa nem a países ocidentais nem a vizinhos
Próximo Texto: Clóvis Rossi: É a hora do calote em série
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.