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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Agência quer saber se houve erro nos levantamentos que ligavam o ex-ditador a armas de destruição em massa

CIA revisa relatórios sobre armas de Saddam

DA REDAÇÃO

A CIA (serviço secreto americano) começou a revisar documentos anteriores à guerra no Iraque para determinar se houve erro em relatórios de inteligência que indicaram ligações entre grupos terroristas e o regime do ex-ditador Saddam Hussein, além da produção de armas não-convencionais (químicas e biológicas).
Segundo o jornal americano "The New York Times", o diretor da CIA, George Tenet, criou uma equipe para investigar relatórios secretos que circularam dentro da agência antes do início da guerra, em 20 de março.
A suposta produção dessas armas e o suposto financiamento de terroristas pelo regime foram as justificativas da coalizão anglo-americana para invadir o Iraque. Em dois meses de investigações, não há indícios de nenhuma das duas coisas.
A revisão dos relatórios, até agora mantida sob sigilo, foi proposta pelo secretário americano da Defesa, Donald Rumsfeld, em outubro -cinco meses antes da guerra. Rumsfeld foi um dos defensores mais veementes da invasão.
Antes da guerra, uma série de "provas" apresentadas pela coalizão foi questionada.
Em fevereiro, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, exibiu ao Conselho de Segurança da ONU fotos aéreas, documentos e outros supostos indícios de que o Iraque possuiria armas químicas e biológicas, além de laboratórios móveis para sua produção, cuja autenticidade nunca foi provada. Powell também chegou a citar um suposto contrato de compra de 500 kg de urânio entre o Iraque e Níger, que mais tarde a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) provou ser falso.
Já o governo britânico teve que pedir desculpas por divulgar como "prova" do envolvimento do Iraque com o terrorismo um trabalho escolar feito havia dez anos.

Manutenção da paz
Em Bagdá, as forças americanas começaram ontem a substituir a 3ª Divisão de Infantaria pela 1º Divisão Blindada do Exército, especializada em manutenção da paz. A medida dá inicio à nova etapa dos planos militares dos EUA para o Iraque, que prevê a redução do contingente militar no país de 170 mil para 100 mil homens.
As forças americanas anunciaram ontem a prisão de mais um integrante da lista de 55 iraquianos mais procurados. Aziz Saleh al Numan, ex-líder do Baath preso perto de Bagdá, é o oitavo da lista. A ordem dos foragidos foi revista pelos EUA, e a posição de parte dos 25 capturados, elevada.
Em um novo incidente em Fallujah, cidade a oeste de Bagdá onde 18 civis iraquianos foram mortos em confrontos com militares americanos em abril, dois civis iraquianos foram mortos ontem por soldados americanos, segundo testemunhas. As forças dos EUA disseram ter reagido a um ataque a granada contra um de seus veículos blindados.
Em Nova York, o diretor do Programa Mundial de Alimentação da ONU, James Morris, anunciou que a distribuição de comida para a população iraquiana começaria no próximo dia 1º, com uma previsão inicial de 480 toneladas mensais. Com a paulatina melhora das condições no país, 740 iraquianos refugiados no Líbano partiram ontem de volta.


Com agências internacionais


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