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Sob pressão dos EUA, bancos reduzem negócios no país
Autoridades americanas usam como instrumento leis bancárias e antiterroristas, além de apelar para organismos como a OCDE
STEVEN R. WEISMAN
DO "NEW YORK TIMES"
Pressionados pelos EUA com
a ameaça de multas e perda de
negócios, quatro dos maiores
bancos europeus já começaram
a reduzir suas atividades no Irã,
mesmo sem uma resolução do
Conselho de Segurança da
ONU impondo sanções econômicas sobre o país.
Nos últimos seis meses, altos
funcionários dos Departamentos do Tesouro e de Estado vêm
intensificando seus esforços
para restringir as atividades relacionadas ao Irã dos maiores
bancos da Europa, dos EUA e
do Oriente Médio, evocando as
leis bancárias e antiterroristas.
"Bancos e outras instituições
estão reavaliando seus vínculos
com o Irã e questionando se
realmente querem fazer negócios com um governo que está
engajado na proliferação das
armas de destruição em massa
e no apoio ao terrorismo", declarou o subsecretário do Tesouro para a inteligência financeira e ligada ao terrorismo,
Stuart A. Levey.
Em graus diferentes, quatro
bancos europeus -os suíços
UBS e Crédit Suisse, o holandês
ABN Amro e o HSBC, sediado
em Londres- já prestaram
contas de suas atividades no Irã
ao governo americano. Quase
todos os grandes bancos europeus têm filiais ou agências nos
EUA, sujeitas às leis do país.
Não está claro até que ponto
a limitação dos negócios com
quatro dos maiores bancos da
Europa pode exercer efeito adverso sobre o Irã. Mas alguns
especialistas políticos e econômicos externos acham pouco
provável que ela cause prejuízos sérios ao país, considerando que o Irã é um dos maiores
produtores da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo e vem ganhando centenas
de milhões de dólares diários
com as vendas do produto.
"Nível mínimo"
O UBS, penalizado anteriormente por movimentar dinheiro iraniano e de outros países
sob sanção dos EUA, diz que
não mais fará negócios diretos
com pessoas físicas, empresas
ou bancos no Irã e que não financiará exportações ou importações para empresas no
país. O ABN Amro, alvo de ação
semelhante no passado, também diz que não faz negócios
em dólar com o país e participa
de "um número bastante limitado de transações". Já o Crédit
Suisse deixou de iniciar novas
relações de negócios com pessoas jurídicas iranianas em janeiro, mas afirmou que cumprirá os contratos existentes.
Os EUA vêm adotando ainda
outras medidas de pressão.
Com o incentivo americano, a
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que agrupa 30
países com grandes economias
de mercado, elevou a classificação de risco econômico do Irã.
Ao mesmo tempo, a atitude
desafiadora do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, vem causando instabilidade nos mercados, e o clima de
ansiedade gerado pela perspectiva de sanções aplicadas em nível mundial tem efeito próprio.
As leis que estão sendo aplicadas contra os bancos são variadas, e muitas delas também
se aplicam a Coréia do Norte,
Síria, Cuba e Sudão. Uma lei de
1984 requer a proibição das atividades com qualquer país que
seja declarado patrocinador do
terrorismo. As autoridades
também evocam a Lei de Sanções ao Irã e à Líbia, de 1996, e
uma diretiva, assinada no ano
passado, proibindo transações
com países suspeitos de ajudar
na proliferação de armas não-convencionais.
Sob essa diretiva, os EUA já
classificaram seis entidades
iranianas e vários grupos industriais privados como proibidas para os bancos que operam
sob as leis americanas.
Alguns especialistas, no entanto, dizem duvidar que qualquer coisa diferente de um embargo petrolífero ou de um bloqueio das importações de gasolina -cerca de 40% da gasolina
consumida no Irã é importada- possa levar o Irã a mudar
seu comportamento.
Tradução de Clara Allain
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